Define-se como Infecção Relacionada à Assistência à Saúde como toda aquela que acomete indivíduos em instituições hospitalares ou em atendimentos ambulatoriais como hospital dia ou em domicílio que possa estar relacionada a algum procedimento assistencial, terapêutico ou diagnóstico. Pode ser classificada de acordo com o foco infeccioso, quando há presença de um ou mais microrganismos na corrente sanguínea, sendo identificada em hemoculturas.

Este trabalho tem como objetivo avaliar a presença de microrganismos em hemoculturas e culturas de ponta de cateter coletadas em pacientes onco- hematológicos.

Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, realizado no Hospital de Câncer de Pernambuco. Utilizou-se a base de dados de 30 notificações de culturas positivas de pacientes internados na enfermaria de onco-hematologia entre abril a dezembro de 2022. A coleta de dados ocorreu pelo Controle de Infecção Hospitalar a partir das fichas de notificações e registros de prontuários.

Foram avaliados 30 pacientes no total, sendo 9 portadores de Leucemia Linfoide Aguda (LLA), todos em tratamento com HIPERCVAD; 1 paciente com mieloma múltiplo em uso de VDT; 12 pacientes com Leucemia Mieloide Aguda sendo 4 em tratamento com protocolo 3+7, 7 em tratamento de consolidação com HIDAC e 1 paciente com FLAG; além de 8 pacientes com Linfoma Não-Hodgkin (LNH), sendo 1 síndrome de Sézary, 1 síndrome de Richter, 1 NK nasal, 1 LNH de sistema nervoso central, 3 com Linfoma Difuso de Grandes Células B e 1 subtipo não especificado. Dos 30 pacientes, aproximadamente 26,7% dos casos foram colonizados por Escherichia coli, 23,3% por Klebsiella pneumoniae, 23,3% por Pseudomonas aeruginosa, 10% por Staphylococcus epidermidis e 6,6% por Candida parapsilosis. É importante também considerar que havia pacientes com mais de um agente positivo em culturas. Apenas duas culturas de ponta de cateter vieram positivas, em um paciente com síndrome de Sézary com crescimento de Acinetobacter baumanii complex e outro portador de LLA com desenvolvimento de Pseudomonas aeruginosa. O tempo médio de permanência de cateter foi de 19,26 dias, sendo o paciente com menor tempo de 5 dias e o maior de 59 dias.

Percebemos que a bactéria mais prevalente em nosso estudo foi a Eschericia coli, condizente com estudos realizados em pacientes oncológicos um hospital público de Montes Claros - MG e em um hospital público do agreste de Pernambuco. Já em outro estudo, realizado em um Hospital Universitário de Pernambuco, o agente infeccioso mais prevalente foi a Klebsiella pneumoniae. Em ordem descrescente, o segundo tipo de bactéria mais prevalente em nosso estudo foram, em mesmo percentual, a Klebsiela pneumoniae e a Pseudomonas aeruginosa. Em comparação a outros estudos, realizados com pacientes onco-hematológicos no Norte do país, observa-se semelhança, considerando que as bactérias gram negativas foram as mais prevalentes. Nossos dados correspondem parcialmente aos dados nacionais, o que mostra a necessidade de ter cautela com esses pacientes geralmente com medula em aplasia, ou seja, apresentando sistema imune deprimido e indicação de uso de dispositivos invasivos, o que acrescenta maiores chances de infecções graves e sepse.