O mieloma múltiplo é uma neoplasia hematológica de maior prevalência em idosos, com impacto significativo na saúde pública. Na região da Baixada Santista e no Vale do Ribeira, a porcentagem de população idosa (pessoas com 60 anos ou mais) costuma estar próxima ou um pouco acima da média nacional, refletindo o envelhecimento populacional que vem ocorrendo no Brasil. Na Baixada Santista a porcentagem de idosos fica em torno de 15% a 20% da população total. Essa região, por ser uma área com maior desenvolvimento econômico e infraestrutura, tende a ter uma proporção de idosos um pouco maior do que a média nacional. No Vale do Ribeira, no entanto, a porcentagem dessa população costuma ser um pouco menor, aproximadamente entre 10% e 15%, devido a fatores como menor urbanização e acesso a serviços de saúde. Conhecer o perfil epidemiológico dos pacientes na região da Baixada Santista e Vale do Ribeira é fundamental para aprimorar estratégias de diagnóstico precoce e manejo clínico, contribuindo para a redução da morbidade e mortalidade.

Analisar o perfil epidemiológico dos pacientes diagnosticados com mieloma múltiplo na microrregião da Baixada Santista e Vale do Ribeira, identificando características demográficas, clínicas e socioeconômicas. Objetivo secundário é avaliar o tempo entre o início de sintomas e o diagnostico de definitivo, após este firmado em quanto tempo é instituído o tratamento oncológico.

Foi realizada coleta de dados retrospectivos a partir de prontuários de pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nos 2 únicos hospitais da região, que são referencia para o tratamento de doenças onco-hematologicas: o Hospital Guilherme Álvaro, em Santos; e a Santa Casa de Misericórdia de Santos. Foram incluídos pacientes com diagnóstico confirmado de mieloma múltiplo em acompanhamento atual em ambos os serviços. Os pacientes encontram-se em diferentes fases do tratamento, há desde aqueles em início de protocolos quimioterapicos com diagnostico recente, até pacientes em manutenção pós transplante autólogo com doença em remissão prolongada. Variáveis analisadas incluíram idade, sexo, estágio da doença no diagnóstico (ISS escore), comorbidades e acesso aos serviços de saúde. Os dados foram analisados estatisticamente para identificar padrões e correlações. Não foram avaliados pacientes que foram a óbito inicialmente pois o objetivo do estudo neste momento, não é ainda avaliar a sobrevida global; sendo esta uma análise planejada para um estudo subsequente.

Os resultados revelaram uma maior incidência em pacientes acima de 60 anos, predominantemente do sexo masculino. Observou-se uma distribuição variada do estágio da doença no momento do diagnóstico, indicando atrasos na detecção precoce. Fatores socioeconômicos influenciaram no tempo até o diagnóstico, sugerindo a necessidade de ações de saúde pública voltadas à conscientização e acesso aos serviços especializados. O atraso no diagnóstico reforça a importância de estratégias de rastreamento e educação em saúde. As informações deste estudo podem orientar políticas de saúde mais eficazes, visando melhorar o diagnóstico precoce e o manejo clínico do mieloma múltiplo, pois a região de estrutura hospitalar adequada para atender pacientes onco-hematologicos, porém ainda não conta com nenhum serviço local especializado em Transplante de Células Tronco Hematopoiéticas, que possa atender os pacientes hematológicos.