HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA triagem clínica é etapa essencial no ciclo do sangue, pois avalia a elegibilidade dos candidatos e garante a proteção do receptor transfusional. Conhecer o perfil dos doadores auxilia na captação, fidelização e redução das taxas de inaptidão.
ObjetivosEste estudo teve como objetivo analisar o perfil dos candidatos atendidos em serviços privados do Paraná em 2024, com base nos dados do sistema Hemoprod/ANVISA.
Material e métodosEstudo descritivo, quantitativo, com dados públicos extraídos do Hemoprod em julho de 2025. Incluíram-se todos os atendimentos realizados em serviços privados de hemoterapia no Paraná em 2024. As variáveis analisadas foram: tipo de doação, tipo de doador, gênero e faixa etária. Os dados foram organizados em tabelas de frequência e analisados por proporção de aptidão, inaptidão e seus respectivos motivos.
ResultadosForam avaliados 49.871 candidatos, com 44.223 (88,7%) aptos e 5.648 (11,3%) inaptos. Tipo de doação: 85,1% espontâneos, 14,3% reposição e 0,6% autólogos. Tipo de doador: 46,4% de repetição, 28,4% esporádicos e 25,2% de primeira vez, com maior inaptidão entre iniciantes (17,2%). Gênero: 50,9% dos aptos eram homens e 49,1% mulheres. A inaptidão foi maior entre mulheres (3.207) que entre homens (2.441). Faixa etária: 72,2% dos aptos tinham mais de 29 anos, 27,4% entre 18-29 anos e 0,3% abaixo de 18 anos.
Discussão e conclusãoO predomínio de doadores de repetição é positivo, pois contribui para a previsibilidade e estabilidade dos estoques. Entretanto, a baixa proporção de doadores de reposição ressalta a necessidade de intensificar estratégias de captação, garantindo a continuidade e segurança no fornecimento dos hemocomponentes. Além disso, a elevada taxa de inaptidão entre doadores iniciantes e mulheres evidencia a importância da orientação prévia e do acolhimento qualificado para melhorar a adesão e a segurança do processo. Entre os principais motivos de inaptidão clínica, destacam-se: anemia (7,1%), comportamento de risco para DST (7,2%), hipertensão arterial (3,8%) e uso de medicamentos (3,7%). A maioria das inaptidões (83,8%) foi registrada na categoria “outras”, que abrange fatores como sintomas gripais, jejum inadequado, alterações no ciclo menstrual e condições temporárias diversas. A anemia foi mais prevalente em mulheres (381 casos), enquanto os comportamentos de risco para DST e uso de medicamentos afetaram ambos os sexos. A sub-representação de jovens também sugere a necessidade de campanhas educativas mais eficazes e próximas da realidade desse público, especialmente nas redes sociais, escolas e universidades. A análise do perfil dos doadores em serviços privados do Paraná em 2024 reforça a importância da triagem clínica na segurança transfusional e na gestão hemoterapia. A alta proporção de doadores espontâneos e de repetição representa avanço, mas os índices de inaptidão entre mulheres e iniciantes exigem ações específicas: educação em saúde, triagem sensível às condições femininas, orientações sobre alimentação rica em ferro, escolha de fases favoráveis do ciclo e acolhimento qualificado. A baixa adesão dos jovens destaca a urgência de políticas públicas para formar novos doadores regulares. Os dados sustentam melhorias contínuas com foco em eficiência, segurança e humanização.
ReferênciasBRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Hemoprod – Sistema de gerenciamento da produção hemoterápica.




