De acordo com o Ministério da Saúde no Brasil 1,6% da população doa sangue regularmente, não perfazendo o ideal que seria de 3%. Não existe substituto artificial para o sangue, que é primordial em tratamentos de diversas patologias. Antes de prover uma transfusão segura, as doações passam por triagem sorológica para reduzir as chances de transmissão de doenças infecciosas. A doação de sangue é um ato altruísta, e começa com um doador que doa pela primeira vez em determinado banco de sangue e desconhece seu perfil sorológico.

O objetivo desse trabalho foi analisar o perfil de doadores que apresentam inaptidão sorológica em doações de primeira vez, analisando 4 bancos de sangue do Grupo GSH em diferentes cidades do Brasil.

Foi realizado um estudo retrospectivo, com abordagem quantitativa, utilizando dados de doadores de sangue de primeira vez com sorologia não negativa no ano de 2024, no Banco de Sangue São Paulo, Banco de Sangue Serum Rio de Janeiro, Banco de Sangue de Brasília e Banco de Sangue São Rafael Salvador. O total de doações de primeira vez dos 4 bancos de sangue foi de 46.782 com sorologia não negativa em 1,38% (435). Em SP, foram realizadas 20.703 doações com positividade de 2,10%, dentre os marcadores sorológicos: anti-HBc 0,73% (151), sífilis 1,20% (248), HbsAg 0,03% (8), anti-HIV 0,04% (26), anti-HCV 0,04 (8), Chagas 0,01% (3) e anti-HTLV 0,05 (10). Quanto ao sexo, para homens 54,71% (238) e para mulheres 43,68% (190). Em relação a idade: 16-19 0,69% (1), 20-29 17,13% (74), 30-39 25,69% (111), 40-49 23,84% (103), 50-59 23,38% (101) e 60-29 9,26% (40). No Banco de Sangue Serum RJ, foram realizadas 13.688 doações com positividade de 3,65%, dentre os marcadores sorológicos: anti-HBc 0,98% (134), sífilis 2,37% (325), HBsAg 0,03% (4), anti-HIV 0,07% (10), anti-HCV 0,07 (10), Chagas 0,04% (5) e anti-HTLV 0,09 (12). Quanto ao sexo, para homens 62,20% (311) e para mulheres 37,80% (189). Em relação a idade: 16-19 0,63% (3), 20-29 25,37% (121), 30-39 24,74% (118), 40-49 20,55% (98), 50-59 19,29% (92) e 60-29 9,43% (45). Em BSB, foram realizadas 5.011 doações com positividade de 1,92%, dentre os marcadores sorológicos: anti-HBc 0,64% (32), sífilis 1,06% (53), HBsAg 0,04% (2), anti-HIV 0,04% (2), anti-HCV 0,02 (1), Chagas 0,02% (1) e anti-HTLV 0,05 (10). Quanto ao sexo, para homens 56,25% (54) e para mulheres 43,75% (42). Em relação a idade: 16-19 2,25% (2), 20-29 22,47% (20), 30-39 23,60% (21), 40-49 20,22% (18), 50-59 21,35% (19) e 60-29 10,11% (9). Em SSA, foram realizadas 7.380 doações com positividade de 2,99%, dentre os marcadores sorológicos: anti-HBc 1,08% (80), sífilis 1,67% (123), HBsAg 0,01% (1), anti-HIV 0,11% (8), anti-HCV 0,03 (2), Chagas 0,03% (2) e anti-HTLV 0,07 (5). Quanto ao sexo, para homens 61,54% (136) e para mulheres 38,46% (85). Em relação a idade: 16-19 0,50% (1), 20-29 17,50% (35), 30-39 28% (56), 40-49 24,50% (49), 50-59 23,50% (47) e 60-29 6% (12).

Não houve diferença entre os marcadores sorológicos nas diferentes regiões. A maior inaptidão foi para sífilis, seguido pelo anti-Hbc, o gênero masculino e os candidatos de 30-39 anos estão entre os que apresentam maior inaptidão sorológica. Os doadores de primeira vez é perfil que mais doa sangue, focar em orientação para que esse público, se torne doadores frequentes (repetição), é uma das formas para garantir estoques em quantidade suficientes e para suprir as necessidades dos pacientes e manter o processo transfusional seguro.