HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs leucemias agudas (LA) representam um desafio significativo para a saúde pública brasileira, dada sua alta morbimortalidade e necessidade de diagnóstico e tratamento precoces. Embora o Brasil apresente avanços na cobertura dos registros oncológicos, persistem importantes desigualdades regionais e socioeconômicas que afetam o acesso aos serviços de saúde, impactando diretamente a detecção, o tratamento e a sobrevida dos pacientes com LA.
ObjetivosRealizar uma revisão integrativa dos dados epidemiológicos nacionais sobre leucemias agudas, com foco na distribuição geográfica, faixa etária no diagnóstico, mortalidade, e analisar criticamente as disparidades regionais que influenciam o panorama atual da doença no Brasil.
Material e métodosForam selecionadas bases oficiais e literatura científica nacional, incluindo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/DATASUS). O levantamento considerou incidência, mortalidade e perfil demográfico, além de identificar tendências temporais e disparidades regionais.
Discussão e conclusãoSegundo estimativas do INCA para 2023–2025, o Brasil registra aproximadamente 11.540 novos casos anuais de leucemia, com risco estimado de 5,33/100.000 habitantes. A análise regional indica maior concentração de casos e mortalidade nas regiões Sudeste e Sul, reflexo da maior densidade populacional e melhor capacidade diagnóstica e assistencial. Por outro lado, regiões Norte e Nordeste apresentam sub-registro e menor acesso a tratamentos especializados, o que pode contribuir para subnotificação e maior letalidade. A faixa etária predominante varia conforme o subtipo: leucemia linfoide aguda (LLA) acomete principalmente crianças abaixo de 15 anos, com incidência ajustada ao redor de 53,3 casos por milhão, enquanto leucemia mieloide aguda (LMA) é mais comum em adultos e idosos. Dados de mortalidade apontam para cerca de 4.200 óbitos anuais atribuídos às leucemias, com tendência de estabilidade nos últimos cinco anos, porém com variações regionais significativas. A heterogeneidade epidemiológica observada revela a necessidade urgente de políticas públicas voltadas para a ampliação da cobertura dos registros, a melhoria da infraestrutura diagnóstica e terapêutica nas regiões menos assistidas, além de estratégias específicas para populações vulneráveis, como crianças e idosos. A desigualdade no acesso impacta diretamente na taxa de sobrevivência, sendo fundamental o fortalecimento do SUS e a integração dos níveis de atenção para otimizar o manejo clínico e a vigilância da doença. Este panorama integrativo evidencia que, apesar dos avanços no conhecimento e na estrutura assistencial, as leucemias agudas no Brasil continuam apresentando disparidades regionais que limitam o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, impactando negativamente a mortalidade. O aprimoramento dos sistemas de registro, o investimento em laboratórios de referência e a capacitação dos profissionais são prioridades para reduzir essas desigualdades e melhorar os desfechos clínicos.
Referências:
Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Estimativa 2023: incidência de câncer no Brasil – síntese de resultados e comentários. Rio de Janeiro: INCA; 2022.
SHAW, A. et al. Incidence and survival of childhood leukemia in Recife, Brazil. Pediatric Blood & Cancer, v. 65, n. 5, e26926, 2018.




