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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 1707
Acesso de texto completo
NOVOS HORIZONTES DE ABORDAGEM PARA ANTICOAGULAÇÃO EM fiM DE VIDA
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LLR Matos, FRG Siqueira, GPN Goequing, LF Alves, GLS Cordeiro, TMN Caldas, TG Salgado, VTR Matos, VS Baltieri, LKA Rocha
Universidade de Brasília (UnB), Brasília, DF, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

O período denominado fim de vida corresponde à fase terminal de doenças crônicas progressivas, caracterizado por deterioração funcional contínua, ausência de possibilidade de cura e expectativa de vida limitada. Nesse contexto, o foco do cuidado passa a ser o alívio de sintomas e a adequação terapêutica às necessidades do paciente. A anticoagulação, prática amplamente utilizada na prevenção de eventos tromboembólicos, impõe dúvidas em relação à sua real indicação.

Objetivos

O objetivo deste estudo é revisar os critérios utilizados para iniciar, manter ou suspender anticoagulantes no fim da vida, considerando os principais fatores clínicos envolvidos.

Material e métodos

Foi realizada uma busca na base de dados PUBMED utilizando os descritores Anticoagulation AND end of life AND antiplatelet. Foram incluídos artigos publicados a partir de 2020, resultando em 441 trabalhos e, após exclusão de séries e relatos de casos, oito deles foram selecionados por apresentarem metodologia consistente com bom nível de evidência científica.

Resultados

A decisão sobre o uso de anticoagulantes no fim da vida necessita considerar três elementos principais: risco de trombose, risco de sangramento e objetivos no cuidado do paciente. Em um estudo retrospectivo, 60% dos pacientes receberam antitrombóticos nos últimos 3 meses de vida, sendo que em 75,9% o tratamento foi mantido até a última semana. Com isso, diversas complicações hemorrágicas foram documentadas, sendo que as mais expressivas foram hematomas e dor, hemorragia pulmonar, hematoma subdural fatal e sangramentos associados a quedas. Em outro estudo, que envolvia portadores de próteses valvulares mecânicas, foi evidenciado que a maioria dos profissionais superestima o risco trombótico de modo a justificar a não suspensão do anticoagulante. Dados indiretos indicam que o risco real de eventos tromboembólicos é de ∼0,03 % ao dia, equivalente a ∼1 % em 30 dias, valor bastante baixo quando comparado à expectativa de vida limitada desses pacientes. Em um estudo de coorte, que avaliou pacientes com câncer avançado, foi constatado que o uso de antitrombóticos reduziu discretamente o risco de eventos tromboembólicos venosos, porém aumentou significativamente o risco de sangramentos, tornando incerto o benefício em pacientes com prognóstico limitado.

Discussão e conclusão

O uso de heparina de baixo peso molecular tem sido opção em casos selecionados, especialmente quando há dificuldade na via oral. As evidências disponíveis sugerem que o uso de anticoagulantes em pacientes próximos ao fim de vida aumentam o risco de eventos hemorrágicos, por outro lado a sua suspensão raramente resulta em aumento significativo de eventos trombóticos ou mortalidade. Sendo assim, a avaliação deve ser individualizada, com discussão franca sobre riscos e benefícios, considerando as preferências do paciente e seus familiares. Protocolos clínicos podem apoiar a decisão clínica, promovendo cuidados alinhados a princípios de proporcionalidade terapêutica e qualidade de vida.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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