HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO tratamento da leucemia mieloide aguda (LMA) tem sido estudado e novos alvos terapêuticos e medicamentosos estão sendo identificados para haver melhorias na sobrevida dos pacientes. Com o avanço na compreensão da fisiopatologia da LMA, as novas terapias buscam reduzir hospitalizações e o custo do tratamento. Entretanto, as terapias tradicionais, como quimioterapia e transplante de células-tronco hematopoiéticas, mostram-se limitadas devido à toxicidade e taxas de recidivas da doença. Assim, os novos alvos terapêuticos dessa patologia baseiam-se nas condições clínicas do paciente, nas características da LMA e nos estudos que vêm sendo realizados, levando em consideração que, algumas perspectivas medicamentosas, como novos conjugados anticorpo-fármaco, células natural killer e células T receptoras de antígeno quimérico projetadas estão sob investigação e podem auxiliar a compor as lacunas e desafios no tratamento da LMA.
ObjetivosO objetivo deste trabalho é explorar os progressos terapêuticos no tratamento da LMA, com ênfase em terapias alvo e imunoterapias, evidenciando seus benefícios clínicos.
Material e métodosFoi realizada uma revisão narrativa da literatura por meio das bases de dados PubMed, Scopus e Cochrane Library, com foco em terapias-alvo e imunoterapias aplicadas ao tratamento da LMA. A busca incluiu artigos publicados nos últimos 5 anos, utilizando os descritores “acute myeloid leukemia”, “targeted therapy”, “immunotherapy”, “FLT3 inhibitors”, “IDH inhibitors” e “checkpoint inhibitors”. Foram analisados 22 estudos recentes sobre terapias alvo e imunoterapias aplicadas à LMA. Foram selecionados ensaios clínicos randomizados e estudos de coorte que abordassem a eficácia, segurança e desfechos clínicos dessas abordagens terapêuticas. A análise foi conduzida com destaque para os avanços recentes e perspectivas futuras no tratamento da LMA.
Discussão e conclusãoVacinas peptídicas, como OCV-501, demonstraram segurança e indução de resposta imune em subgrupos de pacientes, mas sem diferença significativa na sobrevida livre de doença ou global em comparação ao placebo. Já os inibidores de FLT3 (Gilteritinib e Crenolanib) apresentaram aumento significativo de sobrevida mediana, visto que pacientes tratados com Gilteritinib viveram em média 9.3 meses após o início do tratamento, enquanto aqueles em quimioterapia convencional viveram em média 5-6 meses. Os agentes contra IDH1/2 (Ivosidenibe e Enasidenibe) mostraram taxas de resposta global entre 40-42% e sobrevida mediana próxima a 9 meses. Destacam-se também as combinações de Venetoclax com Azacitidina ou Citarabina de baixa dose, que mostraram taxas de remissão completa superiores a 60% e ganhos significativos de sobrevida, sobretudo em idosos ou inaptos à quimioterapia intensiva. Imunoterapias emergentes como anti-CD47 (Magrolimabe) e anti-TIM-3 (Sabatolimabe) mostraram atividade clínica, principalmente em casos de mutações TP53. Por fim, terapias celulares como CAR-T e BiTEs demonstraram potencial antileucêmico, embora com toxicidade hematológica relevante. As terapias-alvo e imunoterapias representam avanços promissores no tratamento da LMA, oferecendo maior sobrevida e melhores taxas de resposta, sobretudo em pacientes inelegíveis à quimioterapia intensiva. Nesse sentido, a existência de combinações terapêuticas com taxas de remissão acima de 60% reforça a relevância da personalização terapêutica e a necessidade de expandir pesquisas na área, a fim de reduzir os entraves persistentes relacionados à toxicidade e resistência.




