A validação do processo de congelamento dos plasmas é uma etapa de fundamental importância na garantia da qualidade do produto final, para tanto se faz necessário a realização do monitoramento e do registro adequado das temperaturas comprovando a eficácia do processo. Conforme as diretrizes de hemoterapia estabelecidas pelo Ministério da Saúde que preveem critérios técnicos específicos para o congelamento do plasma (BRASIL, 2017), estabelece que devem ser congelados em temperaturas iguais ou inferiores a trinta graus Celsius negativos. E conforme o tempo de coleta e processamento, esses plasmas poderão ser classificados em Plasma Fresco Congelado (PFC), Plasma de 24 horas (PFC24h) e Plasma Comum (PC).

Com a finalidade de acompanhar o registro das temperaturas durante a validação do procedimento de congelamento das bolsas de plasma e verificar a sua eficácia, utilizamos o registrador de dados YOCOGAWA contendo 9 sondas tipo J.

Para o congelamento rápido, foi utilizado um blast freezer com capacidade para 20 bolsas, distribuídas em cinco prateleiras. O registro das temperaturas no centro das bolsas foi realizado por meio de um registrador de dados com monitor externo. A fim de evitar danos ou contaminação dos sensores de temperatura, foram utilizadas bolsas contendo 250 mL de solução SAG-manitol, simulando bolsas de plasma. Os sensores foram inseridos no interior dessas bolsas para o monitoramento da temperatura central até o término do ciclo de congelamento. Os simulacros foram dispostos nas prateleiras do freezer de forma alternada com as bolsas reais de plasma, submetidas simultaneamente ao processo de congelamento. Foram posicionados dois sensores nas três primeiras prateleiras e um sensor em cada uma das demais, totalizando oito canais de registro de temperatura ao longo do ciclo. As bolsas de plasma, intercaladas com os simulacros, completaram o total de 20 unidades. Ao término do congelamento, essas bolsas de plasma foram encaminhadas para a realização das dosagens de fator VIII e TTPa.

As dosagens foram realizadas individualmente nas 12 unidades de PFC, os resultados do fator VIII apresentaram valores entre 0,87 a 1,71 UI. Os dados de TTPa obtidos foram de 27,7 a 41,1 segundos. Após verificação dos registros térmicos, constatou-se que as temperaturas atingiram valores entre -34,9 a -38,2 graus célsius dentro do tempo do ciclo de congelamento, padronizado em 1h e 30 minutos. A legislação preconiza que os valores das dosagens de fator VIII devem estar acima de 0,7 UI e o TTPa com valores do pool controle + 20%; E que a temperatura deve atingir valores abaixo de -30 graus Célsius até o termino do ciclo de congelamento.

Portanto, o procedimento de validação do congelamento de plasma, utilizando o blast freezer e o registrador de dados YOKOGAWA, demonstrou-se eficaz. Por meio do monitor externo do registrador, foi possível acompanhar, em tempo real, os valores de temperatura ponto a ponto durante todo o ciclo de congelamento. Essa funcionalidade permitiu avaliar a eficácia do equipamento de congelamento e concluir que o processo foi validado, atendendo às exigências das boas práticas do ciclo do sangue. Além de comprovar que os resultados obtidos foram consistentes, com qualidade e precisão o procedimento, também possibilitou a identificação de pontos críticos e vulnerabilidades, contribuindo para a redução de riscos à saúde do paciente e para a garantia da qualidade do produto final.