HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO Linfoma Não Hodgkin (LNH) extranodal NK/T é uma neoplasia hematológica agressiva, com curso frequentemente recidivante e difícil controle de sintomas, especialmente quando há comprometimento local extenso e envolvimento sistêmico. Este relato descreve um caso de LNH de fossa nasal direita com múltiplas manifestações e desafios terapêuticos e paliativos.
ObjetivoRelatar um caso de Linfoma Não Hodgkin de fossa nasal direita com extenso comprometimento local e sistêmico, e discutir os obstáculos no manejo terapêutico, controle da dor, complicações infecciosas e a transição para cuidados paliativos.
Descrição do casoJ.C.K., paciente masculino, 78 anos, carpinteiro e ex-tabagista (parou em 1984), sem comorbidades conhecidas e com histórico familiar de câncer de estômago. Em agosto de 2024, após cerca de 8 meses de sintomas como lacrimejamento bilateral, cefaleia frontal, rinorreia purulenta, obstrução nasal, cacosmia, abaulamento na base do nariz e epistaxes eventuais, foi diagnosticado com Linfoma Não Hodgkin de fossa nasal direita. A biópsia de setembro de 2024 revelou mucosa escamosa com hiperplasia do epitélio e processo linfoide severo, sendo o diagnóstico confirmado por imuno-histoquímica como provável linfoma extranodal NK/T.
DiscussãoO caso demonstra a extrema complexidade do manejo do Linfoma Não Hodgkin extranodal com disseminação local e sistêmica. Mesmo após a quimioterapia inicial com boa resposta, a doença apresentou progressão local e múltiplas complicações, evidenciando a natureza agressiva e refratária do linfoma NK/T. A contraindicação da radioterapia terapêutica e a necessidade de manejo de lesões necróticas na orofaringe ressaltam os desafios em controlar a doença localmente. As frequentes internações e a ampla gama de complicações (febre, infecções, toxicidades hematológicas, disfunção renal, arritmia cardíaca) ilustram a fragilidade do paciente oncológico idoso e a dificuldade em manter a qualidade de vida diante de um quadro tão debilitante. A transição para cuidados paliativos foi uma decisão crucial, focada no controle da dor e do desconforto, priorizando o conforto do paciente e a comunicação com a família diante da irreversibilidade do quadro. A abordagem multidisciplinar, envolvendo Hematologia, Oncologia Clínica, Estomatologia, e a equipe de Cuidados Intensivos e Paliativos, foi fundamental para o manejo integrado dos sintomas e a tomada de decisões compartilhadas.
ConclusãoEste relato evidencia os desafios clínicos do Linfoma Não Hodgkin avançado com extenso comprometimento local e sistêmico, e a transição para cuidados paliativos. A natureza crônica, agressiva e recorrente da doença exige vigilância contínua, decisões compartilhadas e atuação integrada entre as especialidades, com foco na qualidade de vida e no controle de sintomas, especialmente nos momentos finais da vida. O caso sublinha a importância de uma abordagem compassiva e paliativa para pacientes com doenças oncológicas avançadas e sem perspectiva de cura.




