HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) é o subtipo mais frequente de linfomas não Hodgkin em adultos e sua incidência cresce com a idade. Em pacientes idosos, fragilidade, comorbidades e maior toxicidade terapêutica impõem desafios adicionais ao manejo e podem impactar resposta e sobrevida. No cenário brasileiro, séries locais com foco específico em idosos são escassas.
ObjetivosDescrição do perfil clínico, terapêutico e desfechos de sobrevida global de uma coorte institucional de idosos (≥75 anos) com LDGCB.
Material e métodosEstudo observacional retrospectivo em centro único. Incluídos pacientes com diagnóstico histológico de LDGCB, idade ≥ 75 anos e dados mínimos de seguimento. Extraímos dados demográficos, clínicos, laboratoriais, estadiamento, bulky (>7,5 cm), esquemas de 1a linha, melhor resposta e desfechos. Desfechos: resposta inicial e sobrevida global (SG). SG estimada por Kaplan–Meier, com censura na última data de contato.
ResultadosForam analisados 24 pacientes ≥ 75 anos com diagnóstico histológico de LDGCB, diagnosticados entre maio/2017 e abril/2022. A idade média foi de 81,5 anos, com predomínio do sexo feminino (62,5%). ECOG analisado em 83,3% dos pacientes, sendo: ECOG 0–1: 45,8%, ECOG 2: 16,7%, ECOG 3: 16,7%, ECOG 4: 4,2%. Estadiamento Ann Arbor: I (20,8%), II (4,2%), III (16,7%) e IV (41,7%), em 16,7% não havia informação disponível. Doença bulky (>7,5 cm) esteve presente em 45,8% dos pacientes. DHL elevada (>1× ULN) foi observada em 45,8%. Tratamento inicial: R-mini CHOP foi o esquema de 1ª linha mais utilizado (50,0%), seguido de R-CHOP (29,2%) e outros/indisponível (20,8%). Resposta ao tratamento: Resposta completa em 54,2% dos casos avaliados e refratariedade primária em 12,5%. Em 33,3% dos pacientes não havia registro de avaliação formal da resposta por falecimento ou perda de seguimento. Sobrevida global: Durante o acompanhamento, ocorreram 6 óbitos. Estimativas de sobrevida global (Kaplan–Meier):12 meses: 81,3%; 36 meses: 75,1%; 60 meses: 75,1%.
Discussão e conclusãoA presente coorte evidencia um perfil característico de pacientes idosos com LDGCB atendidos em centro único, com idade média elevada (81,5 anos) e predomínio do sexo feminino. O ECOG mostrou que quase metade (45,8%) apresentava bom status funcional (ECOG 0–1), enquanto aproximadamente 37,6% tinham ECOG ≥ 2, sugerindo que uma parcela considerável apresentava limitação funcional importante no diagnóstico. A proporção de doença avançada foi alta, com 41,7% dos pacientes em estádio IV, somada a uma frequência significativa de doença bulky (45,8%) e DHL elevada (45,8%), indicando um grupo com carga tumoral e risco prognóstico elevados. O tratamento inicial refletiu a realidade clínica dessa faixa etária, com predomínio do R-mini CHOP (50%), indicado para pacientes mais idosos ou com performance comprometida. Apesar da fragilidade clínica, observou-se uma taxa de resposta completa de 54,2% entre os casos avaliados. As estimativas de sobrevida global em 12, 36 e 60 meses (81,3%, 75,1% e 75,1%, respectivamente) sugerem um declínio inicial com estabilização após o terceiro ano. Limitações incluem o pequeno tamanho amostral, dados faltantes em variáveis-chave e a natureza retrospectiva, que pode introduzir viés de seleção. Os achados do presente estudo reforçam a importância de individualizar o tratamento no idoso, equilibrando eficácia e tolerabilidade, e apontam para a necessidade de estudos multicêntricos que aprofundem o entendimento sobre fatores prognósticos e estratégias terapêuticas nesta população.




