HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA leucemia linfoblástica aguda (LLA) é a neoplasia hematológica mais frequente na infância. Embora haja significativos avanços terapêuticos, a recidiva precoce representa um grande desafio clínico. Este relato descreve a jornada de uma paciente pediátrica com LLA-B de alto risco com recaída precoce e suas complicações clínicas.
Descrição do casoPaciente do sexo feminino, 12 anos, procedente de Uberaba, diagnosticada com LLA-B de alto risco em julho de 2024. O mielograma diagnóstico evidenciou 96,1% de blastos e a imunofenotipagem por citometria de fluxo confirmou a origem por células B. Foi iniciada a primeira linha de tratamento com protocolo ReLLA 2005, obtendo resposta hematológica favorável. Entretanto, em dezembro do mesmo ano, apresentou recidiva precoce, com doença residual mensurável (DRM) comprovando 81,5% de blastos linfoides na medula óssea e definido prosseguir com protocolo de recaída HD Ara-C + VP. Em janeiro de 2025, após a recuperação clínica da paciente e confirmação de DRM negativa, a paciente teve acesso à imunoterapia com Blinatumabe, anticorpo monoclonal biespecífico anti-CD3 e anti-CD19, para consolidação e manutenção de DRM negativa até acesso ao transplante de células tronco hematopoiéticas (TCTH) haploidêntico, que ocorreu em março do mesmo ano, apresentando complicações clínicas graves como: choque séptico e cardiogênico, insuficiência renal aguda com necessidade de hemodiálise. Em maio, foi identificada recidiva de doença medular e extramedular com infiltração mamária esquerda tratada com radioterapia e, pelo acesso à nova imunoterapia, Inotuzumabe Ozogamicina, anticorpo anti-CD22 conjugado a droga, associado ao protocolo Mini Hyper- CVAD. Após segundo ciclo do novo tratamento, a paciente apresentou reativação viral do citomegalovírus (CMV) e choque séptico de foco pulmonar, evoluindo a óbito.
ConclusãoA recidiva precoce em pacientes com LLA-B de alto risco é um fator prognóstico importante e demanda estratégias terapêuticas mais intensas. Neste caso, mesmo com resposta inicial à indução de remissão, a paciente evoluiu com recaída precoce e necessitou transplante haploidêntico. A complexidade do pós- TCTH e a necessidade de controle de infecções, como a por CMV, evidencia os desafios da imunossupressão. A infiltração extramedular em mama, retrata a agressividade da doença. O impacto de terapias sequenciais, como a radio, quimio e imunoterapia, causam alta toxicidade orgânica, ampliando as morbidades e, consequentemente, comprometendo a qualidade de vida da paciente. Diante disso, a perspectiva de uso da terapia CAR-T surge como alternativa promissora em casos refratários de LLA. Este caso evidencia os inúmeros desafios no tratamento da LLA-B de alto risco com recidiva precoce em pediatria. O sucesso terapêutico depende da seleção ampla e adequada de protocolos em conjunto com a vigilância frente às complicações infecciosas e auxílio integral ao paciente. Nesse cenário, as terapias celulares emergem como uma alternativa extremamente importante e devem ser consideradas.




