HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO teste da antiglobulina direto (TAD) permite detectar hemácias revestidas in vivo por imunoglobulinas e/ou frações do complemento. O TAD é importante na identificação de suspeita de doença hemolítica do feto e do recém-nascido, causadas por incompatibilidades materno fetal, decorrente da aloimunização por diversos sistemas sanguíneos, mas geralmente envolve o sistema ABO e Rh.
ObjetivosDeterminar a incidência de testes da antiglobulina direto positivo em recém-nascidos e caracterizar os anticorpos identificados.
Material e métodosEste estudo é descritivo, retrospectivo. Avaliou-se a incidência de TAD positivos, no período de janeiro de 2024 a junho de 2025, contabilizados através do sistema informatizado utilizado pelo serviço e planilhas de bancadas em que são realizados os registros.
ResultadosDurante o período analisado, foram realizados um total de 3.185 testes em recém-nascidos, dos quais 229 (7%) apresentaram resultado positivo para TAD. A partir desses testes de antiglobulina direto positivos, foram realizados testes de eluato para identificar a classe dos anticorpos presentes. Observou-se que 62% dos casos apresentaram anticorpo anti-A, enquanto 17% tiveram anti-B. O anticorpo anti-D foi detectado em 7% dos casos, e 8% apresentaram eluato negativo. Além disso, 2% dos casos apresentaram associação de anti-A + anti-D. Em menor incidência, que somados tem-se 4%, foram identificados anticorpos como anti-E, anti-c e uma associação de anti-E + anti-c.
DiscussãoHistoricamente, observava-se uma maior prevalência do anticorpo anti-D em recém-nascidos com incompatibilidade materno-fetal. No entanto, com a implementação rotineira da profilaxia com imunoglobulina anti-D em gestantes Rh negativas, houve uma significativa redução na ocorrência dessa aloimunização. Como consequência, os anticorpos do sistema ABO tornaram-se os mais frequentemente detectados nos casos de TAD positivo. Os resultados do presente estudo confirmam essa tendência, evidenciando maior prevalência do anticorpo anti-A, seguido por anti-B e, em menor proporção, pelo anti-D. A presença de resultados com eluato negativo também foi observada, o que pode ser justificado por títulos baixos de anticorpos.
ConclusãoCom o presente estudo, evidencia a incidência de 7% de resultados positivos identificados na rotina materna,com a predominância de anticorpos do sistema ABO, especialmente o anti-A. O reconhecimento precoce desses anticorpos, por meio do TAD, é fundamental para o adequado cuidado clínico dos recém-nascidos com risco de doença hemolítica, reforçando a importância do monitoramento continuo e da aplicação de protocolos eficazes.




