HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs reações transfusionais imediatas são comuns na prática clínica e merecem atenção da equipe de hemoterapia e clínica. As mais frequentes são as Reações Febris Não Hemolíticas (RFNH) e alérgicas, que geralmente são menos graves. Porém, a sobrecarga de volume causada pela transfusão (TACO) tem ganhado destaque por seu potencial de gravidade, principalmente em pacientes com doenças cardíacas, renais ou em idosos. Mesmo com protocolos preventivos, ainda ocorrem casos, o que mostra a importância de avaliar e revisar esses procedimentos para garantir a segurança do paciente.
ObjetivosAnalisar a incidência de casos de reações transfusionais de sobrecarga volêmica, comparando-os com a ocorrência dos demais tipos de reações transfusionais imediatas, considerando os protocolos de prevenção adotados, como a utilização de hemocomponentes 100% filtrados.
Material e métodosEste estudo é descritivo, retrospectivo. Avaliou-se a ocorrência de reações transfusionais imediatas no período de janeiro de 2023 a junho de 2025, utilizando dados do sistema informatizado do Grupo, além de registros em livros de notificações acompanhados de parecer médico para condutas profiláticas.
Discussão e conclusãoDurante o período analisado, foram registrados 348 casos de reações transfusionais imediatas dentre 20 hospitais atendidos. Desses, 17 (5%) foram de sobrecarga volêmica. As RFNH representaram 157 casos (45%), seguidas por 152 casos (44%) de reações alérgicas, e 20 casos (6%) de outras reações imediatas. Quanto aos hemocomponentes envolvidos, a prevalência foi de 729 unidades de concentrados de plaquetas, 211 unidades de concentrados de hemácias e 155 unidades de plasma fresco congelado. A predominância de RFNH e reação alérgicas está alinhada com estudos prévios, que apontam essas manifestações como as mais recorrentes em transfusões. A alta incidência dessas reações reforça a importância de protocolos de prevenção, como a utilização de hemocomponentes filtrados. No entanto, a ocorrência de reações de sobrecarga de volume (TACO), embora representando uma parcela menor dos casos, evidencia uma questão de grande relevância clínica. Mesmo com medidas profiláticas estabelecidas, a presença de TACO indica limitações na sua aplicação prática, possivelmente relacionadas à avaliação inadequada do risco, do volume transfundido ou à velocidade de infusão. Pacientes com comorbidades, especialmente insuficiência cardíaca, renal ou idosos, apresentam maior vulnerabilidade a esses eventos, o que reforça a necessidade de uma avaliação clínica criteriosa antes da transfusão, além de monitoramento rigoroso durante o procedimento. Conclui-se que a maior incidência das reações dos tipos febril não hemolítica e alérgica corresponde ao descrito na literatura. No entanto, no período estudado houve o registro de reações de TACO o que gerou a necessidade de se implantar ações de prevenções, como uso racional do sangue, calculo preciso na velocidade de infusão e intervalo entre as transfusões, visando minimizar a ocorrência de novos casos.




