HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAs plaquetas não expressam antígenos dos sistemas Rh, Kell, Kidd, Duffy, MNS ou Lutheran. Contudo, a aloimunização após transfusão de plaquetas já foi bem documentada e deve ser causada pelas hemácias residuais. A aloimunização RhD é descrita em literatura com uma incidência de 0%‒7% e já possui protocolos de conduta definidos. Contudo, os antígenos c, C, e e E são menos imunogênicos e poucos casos são descritos em relação a aloimunização por plaqueta.
ObjetivosAvaliar a incidência e o perfil dos pacientes que desenvolveram aloimunização não RhD por transfusão de concentrados de plaquetas.
Material e métodosRealizado estudo retrospectivo, a partir da análise do prontuário, dos pacientes que apresentaram Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI) com identificação positivas, nos hospitais atendidos pelo Banco de Sangue do Grupo GSH em Brasília, de junho/2022 a maio/2025. Dentre esses, foram selecionados os pacientes com anticorpos não RhD e que receberam apenas concentrados de plaquetas e/ou concentrados de hemácias negativas para os anticorpos identificados.
ResultadosDentre os 557 pacientes que apresentaram PAI positivo, 10 preencheram os critérios para o estudo (1,79%), sendo 50% do sexo feminino e 50% masculino, com idades entre 26 e 78 anos (média 66,9). Os diagnósticos foram: 4 pacientes com doenças onco hematológicas, 3 submetidos a cirurgias cardíacas, 2 com neoplasias de órgãos sólidos e 1 com hemorragia digestiva. Todos receberam transfusão de concentrados de plaquetas randômicas (min 3, max 60, média 23) e 6 receberam também concentrados de plaquetas por aférese (min 1, max 6, média 1). Dentre os 10 pacientes, 7 receberam também transfusão de concentrados de hemácias, contudo, negativas para os anticorpos identificados. Foi observada a presença de múltiplos anticorpos em 50% dos casos, com a seguinte ordem de prevalência: anti-E (8); anti-C (3) e anti-K (2).
DiscussãoNo banco de sangue de Brasília, todos os doadores são fenotipados para Rh e Kell, tornando possível a análise dos fenótipos dos CPDI transfundidos. Avaliar o risco de aloimunização por plaquetas e identificar um perfil de pacientes com maior risco possibilitaria avaliar o custo benefício de transfusão de plaquetas fenotipadas em casos específicos. Nosso estudo confirma os dados da literatura, que a aloimunização não RhD por plaquetas é rara, mas pode ocorrer, sendo mais frequente após transfusão de plaquetas randômicas. A prevalência dos aloanticorpos também está de acordo com a literatura: E>C>K. Contudo, para avaliar o risco da aloimunização por plaquetas é necessário excluir pacientes que receberam concentrados de hemácias não fenotipados, o que reduz significativamente a população de estudo. Sendo assim, nossa população de estudo é muito pequena, não sendo representativa do montante de pacientes transfundidos ou aloimunizados. Novos estudos, randomizados, com uma maior população de pacientes, são necessários para avaliar o impacto dessa aloimunização no futuro transfusional desses pacientes, principalmente, para populações de risco como pacientes candidatos a transplantes.
ConclusãoA aloimunização não RhD após transfusão de plaquetas é rara, mas possível. Mais estudos, randomizados, com maior número de pacientes, irão permitir avaliar a necessidade e custo benefício de intervenção, visando a profilaxia da aloimunização não RhD por plaquetas em casos específicos. Até lá, a implantação de medidas para redução da contaminação por hemácias devem ser reforçadas.




