A triagem clínica de doadores é essencial para a segurança transfusional. A identificação precoce de inaptidões minimiza riscos ao receptor e ao doador. As causas mais comuns incluem alterações hematológicas, comportamentais e infecciosas. Conhecer esses motivos permite aprimorar a triagem, a educação em saúde e o recrutamento.

Investigar o perfil de inaptidão clínica de doadores no Hospital Santo Amaro, Guarujá (SP), de 2021 a 2024.

Estudo descritivo e retrospectivo, com análise de dados secundários do setor de triagem clínica do serviço de hemoterapia do Hospital Santo Amaro, em Guarujá (SP). Incluíram- se todas as inaptidões clínicas registradas entre janeiro de 2021 e junho de 2024. As causas foram classificadas por tipo (anemia, comportamento de risco, uso de álcool, hepatites, doença de Chagas e outras), sexo e mês. Os dados foram organizados em planilhas e analisados por frequência absoluta. Ressalta-se que esses dados integram um projeto de pesquisa mais amplo, ainda em andamento, sobre o perfil de doadores de sangue e análise das bolsas de sangue.

As causas mais frequentes de inaptidão clínica entre 2021 e 2024 foram anemia (n = 437) e comportamento de risco (n = 425). A anemia predominou entre mulheres, com pico em 2021 (n = 116), representando 81,9% dos casos (n = 95), especialmente em março (n = 22) e janeiro (n = 15). Já o comportamento de risco foi mais comum entre homens, destacando-se em 2022 (n = 151), com maior número em janeiro e junho. As demais causas, como uso de álcool, hepatites e doença de Chagas, apresentaram frequência residual. Houve predomínio de causas potencialmente evitáveis por meio de triagem qualificada e orientação prévia.

Os achados refletem padrões descritos na literatura, que indicam a anemia como principal motivo de inaptidão entre mulheres, geralmente associada à menstruação intensa, dietas pobres em ferro e baixa adesão à suplementação (LOURENÇO et al., 2012;). A elevada proporção feminina entre os casos de anemia no presente estudo reforça esse padrão. A eficácia de estratégias como suplementação oral de ferro e aconselhamento nutricional, demonstrada por OLIVEIRA et al. (2019), sustenta a necessidade de ações proativas em serviços hemoterápicos. Quanto ao comportamento de risco, a predominância entre homens e a sazonalidade observada coincidem com achados de ALENCAR et al. (2020), que destacam histórico sexual e uso de substâncias como fatores recorrentes, e de REZENDE et al. (2015), que associam variações mensais a campanhas e feriados.O monitoramento contínuo das causas de inaptidão é estratégico para qualificar a triagem. Ações educativas e ajustes nos critérios de seleção podem ampliar a segurança transfusional.