HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosDiferentes estratégias visam contribuir para o aumento da eficácia das vacinas, incluindo o uso de imunomoduladores como β-glucanas. Estas biomoléculas naturais são polissacarídeos derivados da parede celular de leveduras ou bactérias, capazes de promover imunidade treinada (TRIM, Trained Immunity), mecanismo que ativa as células imunes inatas induzindo uma resposta imune secundária mais vigorosa e eficaz.
ObjetivoAvaliar a capacidade imunomoduladora de β-glucanas oralmente administradas na produção de quimiocinas após primovacinação para COVID-19 com o imunizante ChAdOx-1 nCoV-19.
Material e métodoForam avaliados 28 homens (não vacinados/naïve para SARS-CoV-2), os quais foram divididos em dois grupos conforme suplemento administrado por 14 dias consecutivos (com início 7 dias antes da primeira dose da vacina), sendo os grupos: glucana (n = 16) e controle (n = 12). Foram coletadas amostras de sangue periférico em três timepoints: pré-vacinação (PV) e 30 dias após cada dose de vacina, primeira dose (1D) e segunda dose (2D). Foram quantificados os níveis plasmáticos das quimiocinas IL-8, RANTES, MIG, MCP-1 e IP-10 utilizando CBA Human Chemokine Kit® (BD) por citometria de fluxo.
ResultadosNas análises comparativas entre os grupos não foram observadas diferenças significativas, contudo na avaliação pareada dos timepoints do mesmo indivíduo, observou-se, no grupo glucana, aumento significativo de IP-10 (p = 0,0216) e RANTES (p = 0,0202) após 1D e, de MIG após 2D (p = 0,0386). Já IL-8 teve diminuição após 2D (p = 0,0413). No grupo controle a redução de IL-8 foi vista já em 1D (p = 0,004883) comparada a PV. As demais variáveis não diferiram significativamente.
Discussão e conclusãoQuimiocinas atuam modulando as respostas imune inata/adaptativa, e seu equilíbrio é essencial para o estabelecimento de imunidade protetora. IP-10, elevada apenas no grupo glucana, é sintetizada por monócitos, está diretamente ligada a linfócitos T CD4+ e relacionada a forma como as células da resposta imune inata ativam células da resposta imune adaptativa, bem como a si mesmas (retroativação), levando a produção de outras citocinas inflamatórias e de células T de memória de longa duração, desejáveis na vacinação. Nesse contexto, acredita-se que a suplementação com β-glucana prepare o sistema imunológico para o recebimento da vacina, propiciando imunomodulação celular, como monócitos e células T, induzindo maior na produção de quimiocinas, e possivelmente, memória celular direcionada e de longa duração.




