HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO tratamento da leucemia mieloide crônica (LMC) com inibidores de tirosina-quinase transformou o prognóstico da doença, permitindo sobrevida prolongada e controle efetivo da doença. Nesse sentido, espera-se uma redução logarítmica progressiva dos transcritos BCR::ABL1 p210, parâmetro essencial para avaliar a resposta molecular (MR). Por isso, a quantificação desses transcritos tornou-se um exame rotineiro e de alta demanda em hospitais que atendem pacientes onco-hematológicos. A realização do teste deve seguir critérios rigorosos para garantir precisão, sensibilidade e reprodutibilidade, em conformidade com padrões internacionais. Essa quantificação pode ser feita por protocolos desenvolvidos internamente (in- house) — que exigem atualização constante do fator de conversão para alinhamento à escala internacional — ou por kits comerciais validados.
ObjetivosAvaliar o impacto da substituição de um protocolo técnico “in-house” por um kit comercial aprovado para uso diagnóstico (IVD - Asuragen®) para quantificação do transcrito BCR::ABL1 p210 no laboratório de diagnóstico molecular do Hospital de Câncer de Barretos, SP.
Material e métodosPara a validação do novo kit, foram utilizadas 28 amostras previamente analisadas pelo método in-house alinhado à escala internacional. Foram comparados: tempo de bancada, capacidade de processamento, concordância dos resultados e etapas técnicas envolvidas.
ResultadosA concordância entre os testes foi de 100% (especificidade, sensibilidade, acurácia, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo = 100%). Com a implantação do novo ensaio, o número de pacientes analisados por rodada aumentou de 18 para até 38, mantendo o prazo médio de liberação de resultados em aproximadamente um mês. O intervalo entre os ensaios foi ampliado, otimizando recursos e número de rodadas. A ausência de duplicatas e o uso de reação multiplex permitiram maior rendimento. Houve redução no volume de amostra e consequentemente número de tubos de coleta (de 4 para 2), na quantidade de RNA necessário (de 4000ng para 500–2000ng) e nas etapas de diluição e pipetagem. O tempo de bancada diminuiu de 5h50min (protocolo in-house) para 2h40min. A automação do software proporcionou relatórios rápidos e padronizados. Nenhuma amostra apresentou quantificação de ABL1 < 10.000, eliminando laudos inconclusivos. A sensibilidade do ensaio aumentou (MR de 4.7 a 0.2), sendo comparável à de ensaios de reação em cadeira da polimerase (PCR) digital.
Discussão e conclusãoApesar dos kits apresentarem resultados 100% concordantes, a troca do kit in house foi realizada devido a necessidade constante de atualização do fator de conversão com necessidade de suporte externo ou aquisição de reagentes específicos. Com o novo kit, essa necessidade foi eliminada. O uso de calibradores e controles comerciais desde a transcrição reversa conferiu maior robustez ao ensaio, em comparação com a curva padrão baseada em plasmídeos do método anterior, diminuindo repetições. A adoção do kit comercial representou um avanço significativo na padronização internacional, além de ganhos relevantes em praticidade, eficiência operacional e qualidade diagnóstica.




