HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosOs cânceres hematológicos representam cerca de 7% da incidência global de câncer; sendo também a quarta principal causa de morte por essa doença. A presença da síndrome de fragilidade (SF) é comum nesses pacientes e ocorre, principalmente, quando se têm um enfraquecimento progressivo e global dos sistemas fisiológicos, aumentando o risco de desfechos adversos. Assim, torna-se uma preocupação importante no cuidado oncológico, embora os dados sobre seu impacto durante o tratamento dos cânceres hematologicos ainda sejam limitados.
ObjetivosO presente estudo teve como objetivo revisar sistematicamente e analisar a associação entre a presença da SF e os desfechos de mortalidade geral e progressão da doença em pacientes com câncer hematológico.
Material e métodosAtravés de uma revisão sistemática, foram incluídos estudos observacionais que avaliaram a associação entre a SF e mortalidade em pacientes com câncer hematológico. Para serem incluídos, os estudos utilizaram instrumentos validados para a mensuração da SF, como escalas e testes, em pacientes com câncer hematológico. Só foram incluídos estudos publicados na língua inglesa. Foram excluídos estudos com dados incompletos para análise da SF e mortalidade. Uma meta-análise de efeitos aleatórios foi realizada utilizando os valores de Hazard Ratio (HR) e intervalo de confiança 95% (IC95%) das associações entre a SF e mortalidade.
ResultadoA presente meta-análise incluiu 17 estudos observacionais que avaliaram a associação da SF com a sobrevida em um total de 10.800 pacientes com câncer hematológico. As amostras eram compostas na sua maioria por homens (69%), idosos (mediana de 73.2 anos) e pacientes com mieloma multiplo (55%). Nossas análises indicaram que pacientes com SF apresentaram 2,3× maior risco de mortalidade (HR 2,3, IC95%: 2,0–2,8, I2 = 77%, p < 0,001) que pacientes sem SF. Ao avaliar a sobrevida livre de progressão (SLP), constatou-se que pacientes com SF apresentaram 90% maior risco (n = 4; HR 1,9, IC95%: 1,0–3,4, I2 = 85%, p < 0,001) que pacientes sem SF. A alta heterogeneidade (77%-85%) das análise parece estar associada aos diferentes tipos de neoplasias analisadas.
DiscussãoNossos principais achados foram que (1) pacientes frágeis com câncer hematológico apresentam mais que o dobro de risco de mortalidade por qualquer causa que pacientes não-frágeis; (2) o maior risco de mortalidade também foi constatado na sobrevida livre de progressão, com pacientes frágeis apresentando 90% maior risco que pacientes não-frágeis; e (3) nossos achados parecem estar mais evidentes em pacientes homens, idosos e com mieloma multiplo. A heterogeneidade observada nas análises pode ser explicada pelas características da doença, estadiamento, regime terapeutico e diferentes instrumentos para avaliar a SF entre os estudos. Portanto, a inclusão de ferramentas validadas para avaliar o risco da SF parece ser urgente na abordagem, consulta e tratamento da onco- hematologia. Essa medida pode estratificar risco, guiar decisões terapêuticas individualizadas e, principalmente, melhorar desfechos clínicos e da qualidade de vida dos pacientes oncológicos.
ConclusãoNossos achados apontam que a SF é um fator prognóstico importante em pacientes com câncer hematológico, aumentando consideravelmente o risco de mortalidade por todas as causas e progressão da doença principalmente em pacientes homens, idosos e com mieloma multiplo.




