HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA transfusão sanguínea é frequentemente utilizada em cirurgias oncológicas, embora esteja associada a riscos imunológicos, infecciosos, aumento da morbimortalidade e elevação dos custos hospitalares. Como alternativa, a estratégia Patient Blood Management (PBM) tem ganhado destaque por incorporar medidas clínicas que visam reduzir a necessidade transfusional, melhorar a tolerância à anemia e ampliar a segurança assistencial. Considerando os riscos envolvidos, torna-se necessário investigar abordagens que minimizem o uso indiscriminado de hemoderivados.
ObjetivosO objetivo deste trabalho é analisar os efeitos da implementação do Patient Blood Management na redução de transfusões perioperatórias em cirurgias oncológicas, considerando benefícios clínicos e uso racional de hemocomponentes.
Material e métodosEste estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, com objetivo de avaliar o impacto da estratégia Patient Blood Management (PBM) na redução de transfusões perioperatórias em cirurgias oncológicas. A coleta de dados foi realizada entre junho e julho de 2025, nas bases PubMed, SciELO e LILACS, utilizando os descritores "Patient Blood Management", "Blood Transfusion", "Cancer Surgery" e "Perioperative Care", combinados com operadores booleanos AND e OR. Foram incluídos artigos publicados nos últimos 10 anos, em português, inglês ou espanhol, com acesso ao texto completo. Estudos duplicados, revisões narrativas e artigos que não abordavam diretamente o uso do PBM em contexto cirúrgico oncológico foram excluídos. A análise dos dados foi feita de forma descritiva, destacando os principais achados relacionados à eficácia da PBM na redução de transfusões.
Discussão e conclusão
DiscussãoUm estudo científico abrangeu 836 pacientes submetidos a cirurgias oncológicas, sendo 289 antes e 447 após o uso da Patient Blood Management (PBM). O número de transfusões pós-cirurgia foi reduzido de 5,5 ± 11,1 para 3,0 ± 6,9 unidades por paciente. Além disso, houve uma redução de 21,5% (de 62,4% para 40,9%) na quantidade de transfusões durante a internação. A sobrevida geral em dois anos foi de 67% para 80,1% nos pacientes que foram submetidos à abordagem PBM. Uma metanálise demonstrou que nos pacientes com cânceres gástricos, a PBM foi associada à pior sobrevida geral, com hazard ratio (HR) = 2,39 [IC95%: 2,00, 2,84], p < 0,001, também associado a maiores números de complicações pós-operatórias [OR = 2.30 (95%CI:1.78, 2. 97), p < 0.001], especialmente as de grau 3-5 com base na classificação de Clavien- Dindo [OR = 2.50 (95%CI:1.71, 3.63), p < 0.001]. Em cirurgias urológicas, a incidência de transfusão de glóbulos vermelhos diminuiu de 11,5% em 2019 para 6,6% em 2022 (risco relativo 0,58, IC 95% 0,38-0,87, p = 0,01) mediante uso da PBM.
ConclusãoA análise dos estudos revisados confirma que a implementação do Patient Blood Management (PBM) contribui significativamente para a redução das transfusões perioperatórias em cirurgias oncológicas, alinhando-se ao objetivo proposto. Embora a PBM apresente benefícios clínicos e otimize o uso de hemocomponentes em diversos tipos de câncer, os resultados indicam variações nos desfechos, especialmente no câncer gástrico, evidenciando a necessidade de abordagens individualizadas.




