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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 347
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FUSARIOSE DISSEMINADA PÓS-TRANSPLANTE ALOGÊNICO DE MEDULA ÓSSEA
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25
SC da Silva, DB Lamaison
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

As infecções fúngicas invasivas são uma das principais complicações em pacientes submetidos ao transplante alogênico de medula óssea (TMO), especialmente na presença de neutropenia prolongada. Dentre os patógenos possíveis, destaca-se o gênero Fusarium, fungo filamentoso capaz de causar doença invasiva. A fusariose humana é rara e associada à alta mortalidade, sobretudo quando disseminada. Os sintomas podem incluir febre, lesões cutâneas necróticas, pneumonia, sinusite e fungemia. A rápida progressão da infecção e a limitada resposta aos antifúngicos disponíveis tornam o manejo clínico desafiador. O diagnóstico precoce requer alto grau de suspeição, associado a exames micológicos e métodos moleculares, já que a diferenciação de outros fungos hialinos, como Aspergillus spp., pode ser difícil. Dada a gravidade e a raridade da fusarose disseminada no contexto pós-TMO, relatos de caso são relevantes para ampliar o conhecimento sobre a doença e subsidiar decisões terapêuticas em situações de alta complexidade. Objetivo: Relatar caso de fusariose disseminada em paciente submetida a TMO alogênico.

Relato de caso

Feminino, 54 anos, sem comorbidades prévias, foi diagnosticada com leucemia mieloide aguda em setembro de 2023, com NPM1 e IDH1 mutado, cariótipo normal, sendo classificada como risco favorável. Foi submetida a esquema de indução 7+3, com DRM negativa pós indução. Posteriormente, iniciada consolidação com HiDAC em novembro de 2023, com associação de Gemtuzumabe em ciclo 2, porém avaliação de medula óssea pós consolidação apresentou DRM positiva, compatível com recidiva. Iniciou protocolo Dauno-Flag, e foi encaminhada ao serviço de transplante de medula óssea. Realizado condicionamento com BuFluTBI em intensidade reduzida, e submetida a TMO alogênico haploidêntico em 03/09/2024. No D+14 foi transferida para UTI devido disfunção multiorgânica, evoluindo para IoT. No D+32 iniciou com hiperemia e dor ocular em olho direito, lesões bolhosas difusamente disseminadas, de conteúdo hemático, que evoluíram para lesões necróticas, além de nódulos subcutâneos, com exame micológico direto de biópsia cutânea que identificou crescimento de hifas hialinas septadas e ramificadas de Fusarium sp., e exame de imagem evidenciando lesões nodulares em globo ocular direito e esquerdo. Iniciado voriconazol e anfotericina lipossomal endovenoso, com boa resposta e involução de lesões. Contudo, devido a demais complicações infecciosas apresentadas no curso da internação, paciente evoluiu a óbito.

Discussão

A fusariose é uma infecção oportunista rara, agressiva, com incidência aumentada em pacientes imunocomprometidos. O caso ressalta a importância do reconhecimento precoce, especialmente em pacientes com neutropenia persistente e lesões cutâneas. O diagnóstico é desafiador, tendo em vista o Fusarium spp. mimetizar infecções por outros fungos filamentosos. A terapêutica de escolha é a anfotericina B lipossomal, associada ou não ao voriconazol, sendo o desfecho da infecção intimamente relacionado ao grau de imunossupressão do paciente, extensão da doença e a resposta à terapia antifúngica.

Conclusão

A fusariose disseminada pós-TMO é uma infecção de alto risco. O reconhecimento clínico e o início da terapia antifúngica precoce contribuem para o sucesso terapêutico. Relatos como este contribuem para aumentar a vigilância frente a infecções fúngicas emergentes em pacientes hematológicos

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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