HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Leucemia Mieloide Aguda (LMA) é uma neoplasia hematológica caracterizada pela proliferação anormal de células hematopoiéticas da linhagem mieloide. A LMA possui diferentes manifestações clínicas e biológicas, a identificação de fatores associados ao desfecho clínico pode contribuir para a estratificação de risco e aprimoramento das condutas terapêuticas.
ObjetivosInvestigar variáveis clínicas associadas ao óbito em pacientes com LMA atendidos em um hospital de referência em onco-hematologia.
Material e métodosEstudo retrospectivo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, com 107 pacientes diagnosticados com LMA. Foram coletados dados clínico-laboratoriais por meio da revisão de prontuários eletrônicos (sistema Philips Tasy), incluindo: idade ao diagnóstico, histórico oncológico prévio, comorbidades, sintomas (sudorese noturna, perda de peso, fadiga, febre, achados hemorrágicos), infecções, infiltração extramedular, tratamento inicial e desfecho clínico. Também foram registrados dados laboratoriais como contagem de leucócitos, hemoglobina, plaquetas e porcentagem de blastos no momento do diagnóstico. As variáveis categóricas foram organizadas como SIM ou NÃO. A análise estatística incluiu teste qui-quadrado para verificar associação entre variáveis clínicas e óbito. Variáveis com p < 0,2 foram incluídas em modelo de regressão logística multivariada.
ResultadosA média da leucometria ao diagnóstico foi de 48.382/mm3, hemoglobina 8,5 g/dL e contagem de plaquetas 59.848/mm3. Pacientes com histórico oncológico representaram 13,1% dos casos totais. Os sintomas mais prevalentes na apresentação clínica foram fadiga (56,0%), perda de peso (40,7%), achados hemorrágicos (39,8%) e febre (35,2%). Os subtipos mais frequentes foram Leucemia Promielocítica (26,7%) e Leucemia Mielomonocítica (21,0%). O tratamento inicial com Citarabina + Daunorrubicina foi utilizado em 52,4% dos casos, enquanto o protocolo com ATRA foi usado em 21,0% e outras abordagens terapêuticas em 26,6%. As infecções observadas foram majoritariamente associadas a bactérias hospitalares, especialmente nos pacientes que evoluíram a óbito. Na análise univariada, as variáveis comorbidades (p = 0,002), infecções (p = 0,01) e TMO (p = 0,168) apresentaram associação significativa com óbito. Essas variáveis foram incluídas no modelo de regressão logística multivariada. Na análise ajustada, a presença de comorbidades (p = 0,008) e infecções (p = 0,011) aumentou significativamente a chance de óbito, enquanto a realização de TMO esteve associada à redução do risco (p = 0,029). Os demais sintomas avaliados, assim como os subtipos de LMA, não demonstraram associação estatisticamente significativa com o desfecho após ajuste. Apesar de não incluídos na regressão, os dados laboratoriais e o tratamento inicial ajudam a traçar o perfil clínico da amostra e podem ser explorados em análises futuras.
Discussão e conclusãoA presença de comorbidades e infecções esteve associada ao aumento da mortalidade em pacientes com LMA, enquanto o TMO esteve relacionado à redução do risco de óbito. Estes achados reforçam a importância da abordagem precoce de complicações clínicas e destacam o potencial impacto do transplante na melhora dos desfechos desses pacientes.




