HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA hemotransfusão é um procedimento da prática clínica moderna de alta relevância terapêutica no tratamento de anemias graves, traumas e intervenções cirúrgicas, que consiste na transferência de sangue ou seus componentes (hemácias, plaquetas, crioprecipitado ou plasma) de um doador para um paciente. Apesar de haver protocolos de segurança fundamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para este tratamento, existem riscos. Dentre os eventos adversos (EA) desta terapia, sobressaem-se as reações transfusionais.
ObjetivosDescrever o perfil epidemiológico dos eventos adversos (EA) associados a reações transfusionais notificadas no estado do Pará entre os anos de 2020 e 2024.
Material e métodosTrata-se de um estudo epidemiológico, transversal e quantitativo, utilizando dados secundários do Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária (NOTIVISA), dispostos no painel de notificações em hemovigilância. A análise incluiu notificações em situação concluída e não concluída no Estado do Pará, entre os anos de 2020 e 2024. As principais variáveis abordadas foram o hemocomponente envolvido, tipo de reação, ano, gravidade e faixa etária.
ResultadosNo período analisado, foram registradas 2.303 notificações de eventos adversos no estado, sendo 2.019 (87,67%) referentes a reações transfusionais, 210 (9,12%) a incidentes graves sem reação adversa e 74 (3,21%) a quase-erros graves. O concentrado de hemácias foi o hemocomponente mais frequentemente associado aos efeitos adversos, seguido pelo concentrado de plaquetas. Entre as reações transfusionais, destacaram-se as reações febris não hemolíticas (RFNH) e as reações alérgicas (ALG), com 645 e 626 registros, respectivamente. A análise temporal evidenciou que 2021 concentrou o maior número de casos (636; 31,50%), enquanto 2020 apresentou o menor (221; 10,94%). Quanto à gravidade, 1.649 (81,67%) foram classificadas como leves (grau I), 284 (14,07%) como moderadas (grau II) e 76 (3,76%) como graves (grau III); 0,5% corresponderam a reações de grau IV, que evoluíram para óbito. Em relação à faixa etária, o grupo mais acometido foi o de 20 a 29 anos (303 notificações) e o menos afetado, o de 5 a 9 anos (146 casos).
Discussão e conclusãoEm suma, no período foram registradas 2.303 notificações de eventos adversos no estado, das quais 2.019 foram reações transfusionais. O ano de 2021 concentrou o maior número de casos, e a faixa etária mais acometida foi a de 20 a 29 anos. A maioria das reações foi classificada como grau leve, sendo a reação febril não hemolítica a mais frequente. O concentrado de hemácias foi o hemocomponente mais associado aos efeitos adversos. Dessa forma, conclui-se que a hemovigilância é fundamental para a identificação e prevenção de complicações transfusionais, reforçando a importância da capacitação profissional, do incentivo à notificação e da integração dos sistemas de vigilância para garantia da segurança do paciente.




