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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 968
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ESQUEMA CTD NO TRATAMENTO DE MIELOMA MÚLTIPLO ELEGÍVEL AO TRANSPLANTE AUTÓLOGO DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS (TACTH) NO SUS
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MCP Perez, GdM Franco, ML Fornazari, GdF Sanches, JNB de Souza, JR Assis, AFC Vecina, MA Gonçalves, SRM de Mello, MG Cliquet
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), SECONCI-SP, Sorocaba, SP, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

O mieloma múltiplo (MM) é uma neoplasia hematológica da medula óssea, causada pela proliferação clonal de plasmócitos. Entre 2008 e 2017, a incidência no Brasil foi estimada em 1,24 casos por 100 mil habitantes. Clinicamente, o MM se manifesta por hipercalcemia, insuficiência renal, anemia ou lesões ósseas líticas; associadas à ≥ 10% de plasmócitos clonais na medula. No Sistema Único de Saúde (SUS), antes de 2022, o tratamento era baseado em agentes alquilantes, corticoides e imunomoduladores, com destaque para o esquema talidomida, ciclofosfamida e dexametasona (CTD). Para pacientes elegíveis, o TACTH é uma terapêutica consolidada. Em 2022, o bortezomibe foi implementado no SUS.

Objetivos

Avaliar dados clínicos-laboratoriais e resposta ao tratamento com CTD seguidos de TACTH em pacientes com MM.

Material e métodos

Estudo retrospectivo com análise de prontuários de pacientes tratados com CTD seguido de TACTH em um serviço do SUS, antes da implementação do bortezomibe.

Resultados

Foram avaliados 23 pacientes no diagnóstico. A idade variou entre 42 e 74 anos (média de 61,17; mediana 62), com predomínio feminino (60,87%). O pico monoclonal foi detectado em 43,47% e em 65,22% casos, pela eletroforese de proteínas (EP) e imunofixação sérica (IFS), respectivamente. Quanto ao estadiamento ISS (International Scoring System): 47,83% estavam em estágio III, 17,39% em II e 34,78% em I. Em relação às manifestações: 30,43% apresentaram hipercalcemia (média cálcio iônico: 2,70; mediana 1,27); 9% insuficiência renal (média creatinina: 1,79 mg/dL; mediana: 0,9 mg/dL); anemia (hemoglobina média: 10,67 g/dL; mediana 9,9 g/dL); e 34,78% tinham ≥1 lesão osteolítica. A média de plaquetas foi de 243.957/mm3 (mediana: 235.000/mm3). Todos foram submetidos ao TACTH: 9% menos de 12 meses, 78,26% em 1 ano, e 13% após mais de 1 ano. Quanto à resposta: 26,09% alcançaram resposta completa (RC), 4,34% resposta parcial muito boa (RPMB), 30,43% resposta parcial (RP) e 39,13% resposta ausente (RA). O tempo de seguimento teve média de 5,17 anos (mediana: 4 anos).

Discussão

A média etária (61,17 anos) está de acordo com a epidemiologia do MM, predominando após 60 anos. Apesar do leve predomínio masculino na literatura, observou-se maior proporção de mulheres (60,87%). A alta frequência de pacientes em ISS III (47,83%) sugere diagnóstico tardio, refletindo barreiras no acesso precoce. A anemia foi a manifestação mais comum (73,91%). A alta taxa de pico monoclonal na IFS (65,22%) reflete a elevada prevalência desse achado em pacientes com MM e reforça a maior sensibilidade da técnica em relação à EP. O tempo prolongado até o TACTH, maioria após 12 meses, pode comprometer os desfechos, sendo o ideal entre 4 e 6 meses após a indução. A taxa de RC (26,1%) é semelhante à de estudos com CTD em populações sem acesso ao bortezomibe. Apesar de inferior aos esquemas modernos, o CTD segue como opção viável e custo-efetiva no SUS diante das limitações de acesso a novas terapias.

Conclusão

O regime CTD seguido de TACTH demonstrou eficácia em parte dos pacientes, mesmo com limitações. O diagnóstico tardio e longo intervalo até o TACTH revelam fragilidades no SUS. Estratégias para diagnóstico e tratamento precoce são fundamentais para melhorar os desfechos no MM.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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