HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosNa anemia falciforme (AF) ocorre a troca de aminoácidos no gene da beta-globina, resultando na formação da hemoglobina anômala, a HbS. Essa doença tem como principal complicação as crises vaso-oclusivas (CVO), quadros de dor aguda provocados pela adesão potencializada das hemácias, leucócitos e moléculas ao endotélio vascular em indivíduos com AF. Atualmente, utiliza-se a hidroxiureia (HU) para tratamento da AF, porém tal medicamento necessita de monitoramento regular dos pacientes, além dos diversos efeitos colaterais. Desse modo, novos fármacos têm sido empregados como opção alternativa, incluindo o Crizanlizumabe. Esse anticorpo atua bloqueando a ligação da P-selectina com seu ligante 1 da glicoproteína P-selectina, isso reduz a adesão das células aos vasos sanguíneos, aprimorando o fluxo sanguíneo em microvasos e, assim, aliviando as CVOs.
ObjetivosEste resumo visou descrever, por meio de uma revisão da literatura, a aplicabilidade do Crizanlizumabe como tratamento alternativo à HU em pacientes com AF.
Material e métodosA busca por artigos foi realizada no primeiro semestre de 2025, utilizou-se o idioma inglês na pesquisa das palavras-chave “Crizalizumab” e “Sickle Cell Disease” nos bancos de dados: “Pubmed” e “ScienceDirect. Como também, foram adotados filtros de tempo, que incluíram ensaios clínicos datados entre 2016 e 2025.
Discussão e conclusãoForam selecionados 5 artigos, dentre eles, ATAGA et al (2017) desenvolveram o ensaio SUSTAIN, que resultou na aprovação do medicamento pela Food and Drugs Administration, pois obtiveram uma taxa de redução anual de CVOs de 45,3% para a dose de 5,0 mg/kg de Crizanlizumabe em comparação ao placebo, além de uma baixa incidência de efeitos adversos. Ademais, KUTLAR et al (2019) realizaram uma análise do estudo SUSTAIN para avaliar os diferentes desfechos em cada subgrupo do ensaio (média de CVOs anteriores, genótipo e uso de HU) e observaram que o tratamento reduz a probabilidade de ocorrência de CVO em comparação ao placebo, bem como atrasou significativamente o tempo entre a primeira e a segunda CVO. Também não houve diferença significativa entre os eventos adversos observados entre o grupo tratado e o placebo. Já KANTER et al (2023) avaliaram o perfil farmacológico, segurança e eficácia de longo prazo do Crizanlizumabe nas doses de 5,0 e 7,5 mg/kg. Para ambas as doses foram constatados os seguintes resultados: concentrações pré-dose estáveis e ausência de acúmulo; redução nas taxas anuais de CVOs, e efeitos adversos controláveis, assim, um perfil de segurança estável. Já DEBONNETT et al (2024) avaliaram o impacto de Crizanlizumabe (5 mg/kg) no número de CVOs e no uso de opióides em pacientes com AF e identificaram uma redução significativa das crises, como também, na proporção de pacientes que necessitaram de opióides para alívio da dor. Por fim, KARKOSKA et al (2020) destacam uma reação infusional devido a infusão do Crizanlizumabe em um adolescente, criando um sinal de alerta para o uso fora dos ensaios clínicos, e em um estudo posterior (2025) questionaram a aprovação acelerada do fármaco, levantando dúvidas sobre sua eficácia e segurança, o que contribuiu para sua retirada do mercado europeu. Todavia, apesar das vantagens apresentadas nos estudos, os benefícios desse fármaco não foram comprovados em sua totalidade. Além disso, os efeitos adversos ainda levantam dúvidas sobre sua segurança, exigindo vigilância pós-comercialização. Sendo assim, necessário investigações que visem o desenvolvimento de novas alternativas farmacológicas.




