HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Síndrome Antifosfolípide (SAF) é uma condição autoimune caracterizada por trombose (arterial ou venosa), complicações gestacionais e manifestações não trombóticas, associadas à presença persistente de anticorpos antifosfolípides. Fosfolípides como fosfatidilcolina, esfingomielina, fosfatidiletanolamina, fosfatidilserina, fosfatidilinositol e cardiolipina desempenham papel estrutural essencial nas membranas celulares e, juntamente com proteínas de ligação e fatores de coagulação, constituem os principais alvos imunológicos na SAF. Os critérios diagnósticos clássicos incluem os isotipos IgG ou IgM de anticorpos anticardiolipina, anti-β2 glicoproteína I e o anticoagulante lúpico. Contudo, há pacientes com manifestações clínicas típicas e ausência desses anticorpos, caracterizando a SAF soronegativa.
ObjetivosO presente artigo tem como objetivo avaliar a aplicabilidade clínica dos novos critérios de classificação da síndrome antifosfolípide e discutir as limitações no diagnóstico de pacientes com manifestações clínicas típicas, incluindo casos de SAF soronegativa.
Material e métodosFoi realizada uma revisão na base PubMed, partir de 2023. Utilizaram-se os descritores “antiphospholipid syndrome AND Diagnostic Criteria”. A busca inicial identificou 103 resultados. Após exclusão de relatos e séries de casos, foram selecionados 10 estudos relevantes, por abordarem a aplicabilidade clínica dos novos critérios de classificação da SAF.
Discussão e ConclusãoOs critérios de Sapporo (1999, atualizados em 2006) foram os primeiros a combinar critérios clínicos e laboratoriais, exigindo ao menos um de cada para diagnóstico. No entanto, foram criados para fins classificatórios e não diagnósticos. Em 2023, o American College of Rheumatology (ACR) e a European Alliance of Associations for Rheumatology (EULAR) propuseram novos critérios, com sistema de pontuação que exige pelo menos 3 pontos combinando manifestações clínicas e laboratoriais. Tais critérios incluem elementos antes não considerados, buscando maior especificidade para inclusão em estudos. Apesar disso, pacientes com manifestações clínicas típicas podem não atingir a pontuação mínima exigida. Assim, os novos critérios são úteis para padronização em pesquisas, mas têm aplicação limitada na prática clínica. Os critérios de 2023 (ACR/EULAR) contribuem para maior especificidade em estudos sobre SAF, mas ainda carecem de aplicabilidade clínica ampla. Pacientes com manifestações típicas, porém com sorologia negativa ou critérios insuficientes, não devem ter o diagnóstico descartado. A avaliação clínica continua essencial, especialmente nos casos com manifestações atípicas ou SAF soronegativa.




