HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA anemia por deficiência de ferro (ADF) é a causa mais prevalente de anemia em todo o mundo, afetando principalmente as crianças, gestantes, mulheres em idade fértil e os idosos. É uma condição clínica multifatorial, com repercussões no sistema hematológico, nas áreas cognitivas e funcionais, além de ser um fator indicativo de vulnerabilidade social, econômica e nutricional. No Brasil, a ADF é conhecida como um grave problema de saúde pública pela sua alta prevalência e a relação com os determinantes sociais da saúde. Sua hospitalização embora possa ser evitada, ainda ocorre em larga escala, indicando falhas importantes na atenção básica e na política de suplementação nutricional.
ObjetivosAvaliar o perfil das internações hospitalares por anemia por deficiência de ferro (CID D50) no Brasil, entre os anos de 2014 a 2024, com foco na distribuição regional, na evolução temporal e na identificação dos padrões de desigualdades entre as regiões do país.
Material e métodosFoi realizado um estudo descritivo retrospectivo utilizando os dados públicos extraídos do DATASUS, sendo selecionadas todas as internações hospitalares por ADF (CID D50), entre o ano de 2014 a 2024, por região geográfica (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul). Os dados foram organizados em uma planilha e analisados quanto ao volume absoluto de internações, o padrão anual e a distribuição regional.
ResultadosEntre 2014 a 2024, foram registradas 136.012 internações hospitalares por anemia por deficiência de ferro no país. Na região Sudeste, apresentou-se o maior número absoluto, com 54.277 internações, seguida do Nordeste (37.827), Sul (21.773), Centro-Oeste (10.911) e o Norte (10.480). Observou-se um aumento progressivo no decorrer dos anos, com destaque para 2023 e 2024, que concentraram os maiores totais de 16.694 e 16.647 internações, respectivamente. A análise por região revelou desigualdades importantes, enquanto as regiões Sul e Sudeste mantiveram seus níveis elevados e estáveis, o Nordeste e o Norte apresentaram crescimento mais acentuado nos últimos anos, especialmente em 2023 e 2024, sugerindo um agravamento tanto das condições sociais quanto das alimentares. No Centro-Oeste, manteve-se o menor volume anual absoluto, porém apresentou crescimento significativo entre 2021 e 2024. Em todas as regiões, o pico de internações ocorreram entre os anos de 2022 a 2024.
Discussão e conclusãoA hospitalização por anemia ferropriva reflete as falhas de prevenção e diagnóstico precoce, especialmente na atenção primária. As diferenças regionais observadas confirmam sobre os determinantes sociais da saúde no Brasil, sendo o Norte e o Nordeste, as regiões marcadas por uma menor cobertura e menor acesso à alimentação adequada e menor investimento em políticas públicas, apresentando os números elevados e crescentes de internações. Além disso, o crescimento progressivo das internações ao longo do período pode ser justificado por fatores agravantes como a insegurança alimentar, a retração de políticas nutricionais, o impacto da pandemia de COVID-19 e a redução do acesso aos serviços de atenção primária em determinadas regiões, sendo uma condição evitável quando diagnosticada precocemente e tratada oportunamente. Sendo fundamental o planejamento de políticas públicas mais eficazes e equitativas, como o investimento em educação nutricional, a distribuição de suplementação de ferro, nas melhorias da atenção primária e no combate à insegurança alimentar, devendo ser priorizadas, ainda mais, nas regiões mais afetadas.




