HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA leucemia Linfoblástica Aguda B (LLA-B), constitui uma neoplasia rara com cerca de 1-1,5 casos por 100.000 indivíduos, apresentando alto potencial de morbimortalidade. Protocolos de quimioterapia intensiva associados ao transplante de células tronco hematopoiéticas (TCHT) alogênico foram durante muitos anos, terapia padrão na doença de alto risco, cuja sobrevida global em 5 anos na população adulta de cerca de 50%. Nos últimos anos, o surgimento dos anticorpos monoclonais biespecificos, como o Blinatumumabe, trouxe novas opções terapêuticas e possibilitaram melhores taxas de resposta com menor toxicidade associada.
Descrição do casoPaciente feminina, 34 anos, hígida, com relato de astenia e hemograma demonstrando anemia (Hb 3,3) e leucocitose (32.770), sendo 85% de blastos. Imunofenotipagem de medula óssea (IMF-MO) de agosto de 2019 evidenciando Leucemia Linfoblástica B (LLA-B), comum; com cariótipo sem alterações e BCR-ABL negativo, sem infiltração de sistema nervoso central (SNC) e sem massa bulky ao diagnostico. Iniciado protocolo Total Therapy XV adaptado, com avaliação de doença residual mínima (DRM) no D26 e D46 da indução, respectivamente, 33% e 1,3% de linfoblastos, configurando doença de alto risco. A paciente atingiu DRM negativa somente após altas doses de quimioterapia. Foi realizado TCTH alogênico aparentado idêntico com condicionamento mieloablativo CyTBI, permanecendo em remissão da doença durante 3 anos e 7 meses. Em outubro de 2023 evoluiu com recidiva confirmada por IMF-MO com 70% de linfoblastos B, sendo indicado tratamento com anticorpo monoclonal biespecífico e optado por realização de protocolo BDMV até sua aquisição. Após dois ciclos de BDMV a paciente ainda apresentava 3,89% de blastos, mas atingiu DRM negativa após realização de Blinatumumabe (2 ciclos), mantendo resposta durante 5 meses sem intercorrências graves associadas, possibilitando um segundo TCTH alogênico em junho de 2024, com doador não aparentado full match e condicionamento mieloablativo Flu180Bu12,8; evoluindo com sucesso na enxertia medular e manutenção da remissão de doença até o momento.
ConclusãoA LLA-B em adultos representa um desafio ao hematologista, especialmente no caso de doença recidivada após quimioterapia de alta intensidade e TCTH alogênico, considerando que o paciente já fora exposto a diversas medicações, seus eventos adversos e sequelas associada a doença. O presente caso demonstra que o emprego de protocolos de menor toxicidade nesses pacientes já fragilizados, podem oferecer um controle suficiente até o acesso aos novos tratamentos imunoterápicos, possibilitando um segundo transplante em melhores condições. O BDMV portanto, protocolo cujas medicações estavam disponíveis naquele momento considerando o acesso limitado oferecido pelo sistema público de saúde, foi fundamental para o controle da doença até o emprego do anticorpo monoclonal biespecífico e posterior realização do tratamento definitivo.
Referências:
- 1.
Kantarjian H, Jabbour E. Adult acute lymphoblastic leukemia: 2025 update on diagnosis, therapy, and monitoring. Am J Hematol. 2025;100(7):1205-31. doi:10.1002/ajh.27708.
- 2.
Sayyed A, Ahmed N, Patel H, Khan M, Lee J, Smith R, et al. Pretransplant blinatumomab improves outcomes in B cell acute lymphoblastic leukemia patients who undergo allogeneic hematopoietic cell transplantation. Transplant Cell Ther. 2024;30(5):520.e1-520.e12. doi:10.1016/j.jtct.2024.03.004.




