HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO tratamento da leucemia mieloide aguda (LMA) para pacientes fit consiste em quimioterapia intensa com intuito curativo, mas a toxicidade relacionada ao tratamento é uma preocupação.
ObjetivosComparar o perfil clínico-epidemiológico, resposta ao tratamento e sobrevida de pacientes com LMA com mais e menos de 60 anos em um hospital universitário no Rio de Janeiro.
Material e métodosMétodos: Estudo observacional e retrospectivo de pacientes com LMA submetidos à quimioterapia intensa acompanhados no Hospital Universitário Pedro Ernesto de 01/01/2010 a 01/12/2024. Coleta de dados de prontuário. Analisadas características demográficas, clínicas e de tratamento por estatística descritiva. Sobrevida Global (SG) e Sobrevida Livre de Evento (SLE) foram estimadas pelo método de Kaplan-Meier e comparadas pelo método de log rank.
ResultadosAvaliados 63 pacientes com LMA submetidos à quimioterapia intensa. 5,9% dos pacientes com mais de 60 anos apresentaram risco citogenético alto, comparados a 14% dos jovens. 52,9% pacientes com mais de 60 anos não apresentavam comorbidades versus 69% dos jovens. 9 (52,9%) dos pacientes com mais de 60 anos alcançaram remissão completa e 24 (55,8%) dos jovens. 5,9% dos pacientes com mais de 60 anos foram submetidos a transplante de células tronco hematopoiéticas (TCTH) alogênico após a primeira remissão, em comparação a 20,9% dos jovens. 35,5% dos pacientes com mais de 60 anos tiveram óbito precoce e 20,9% dos jovens. A mediana de SG e SLE em idosos e jovens foi de 5,0 e 6,9 meses e 5,0 e 6,3 meses respectivamente (p 0,4 e p 0,3)).
Discussão e conclusãoDiscussão: Pacientes idosos com LMA apresentam pior desfecho clínico com menor SG e SLE, comparados àqueles jovens porque apresentam mais comorbidades e maior incidência de doença de alto risco genético que confere resistência ao tratamento quimioterápico. Pacientes idosos também apresentam maior incidência de óbito precoce pela fragilidade associada a comorbidades. Contudo, os resultados encontrados na nossa coorte foram diferentes dos reportados na literatura. Tanto os pacientes idosos como os jovens presentaram SLE e SG inferiores ao da literatura internacional o que pode estar relacionado ao diagnóstico tardio no contexto SUS. E merece especial atenção a população jovem que apresentou alta taxa de recaída de doença e morte o que pode estar relacionado a acesso em tempo inadequado a consolidação com TCTH alogênico de medula óssea no contexto SUS, procedimento essencial no tratamento das leucemias agudas de risco genético não favorável.
ConclusãoOs achados na nossa coorte confirmam o desfecho clínico inferior no idoso. Contudo, a baixa sobrevida em jovens exige especial atenção. Nossos achados sugerem ser essencial ampliar o acesso a exames diagnósticos e prognósticos precocemente, além de garantir suporte adequado e ampliação do número de leitos para transplante de medula óssea no sistema único de saúde (SUS) no Rio de Janeiro para garantir suporte mais individualizado e melhores desfechos.
Referências:
Döhner H, Wei AH, Appelbaum FR, Craddock C, DiNardo CD, Dombret H, et al. Diagnosis and management of AML in adults: 2022 ELN recommendations from an international expert panel. Blood. 2022;140(12):1345-77. doi:10.1182/blood.2022016867.
Shimony S, Stahl M, Stone RM. Acute myeloid leukemia: 2025 update on diagnosis, risk-stratification, and management. Am J Hematol. 2025;100(5):655-72. doi:10.1002/ajh.27256.




