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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID – 2602
Acesso de texto completo
CO-HERANÇA DA ANEMIA FALCIFORME COM A DELEÇÃO ALFA -3.7 KB E A VARIANTE DE GLOBINA ALFA HB STANLEYVILLE-II: RELATO DE CASO
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GS Arcanjoa, ABS Araújoa, GLG Santosa, VEM Lunab, LMF Souzab, TSS Françab, ACM Anjosc, EB Juniord, AR Lucena-Araujoa, MAC Bezerraa
a Programa de Pós-Graduação em Genética, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, PE, Brasil
b Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, PE, Brasil
c Departamento de Medicina Interna, Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (HEMOPE), Recife, PE, Brasil
d Laboratório de Biologia Molecular e Genética, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Três Lagoas, MS, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

As hemoglobinopatias constituem um grupo de doenças genéticas que afetam a molécula de hemoglobina, incluindo variantes estruturais decorrentes, principalmente, de alterações nas cadeias β- e α-globina. Algumas dessas variantes, como a hemoglobina Stanleyville-II, apresentam propriedades eletroforéticas semelhantes às da Hb C, o que pode levar a diagnósticos falso-positivos. A Hb Stanleyville-II é uma variante estrutural da α-globina causada por uma única substituição de aminoácido na superfície da proteína. A co-herança com variantes da β-globina já foi descrita e, quando associada à anemia falciforme (HbSS), geralmente está relacionada a um fenótipo clínico mais brando. Neste estudo, descrevemos o caso de um paciente de 3 anos com HbSS que também herdou a Hb Stanleyville-II e a deleção -3.7 kb da α-talassemia em heterozigose.

Descrição do caso

A eletroforese de hemoglobina em pH alcalino, em acetato de celulose, e a eletroforese capilar foram realizadas para avaliar o padrão de migração da hemoglobina. A cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) foi utilizada para quantificar o perfil das frações de hemoglobina. Para investigar a presença de α-talassemia, empregou-se a técnica de multiplex gap-PCR visando detectar mutações delecionais comuns. Além disso, foi realizado o sequenciamento Sanger dos genes HBA1, HBA2 e HBB para identificar mutações pontuais e variantes raras de hemoglobina. A eletroforese de hemoglobina do paciente revelou uma banda na posição da Hb S, níveis elevados de hemoglobina fetal (Hb F) e uma banda semelhante à Hb C. A análise por HPLC identificou uma variante da β-globina representando 49,9%, uma fração híbrida de 24,3%, hemoglobina A2 (Hb A2) de 2,5% e Hb F elevada (9,9%). A eletroforese capilar mostrou Hb S (47,9%), Hb F (12,7%), uma variante semelhante à Hb C (25,1%) e Hb A2 (0,2%). O sequenciamento confirmou a presença da variante patogênica HBB:c.20A>T em homozigose, compatível com HbSS. Foram ainda identificadas duas variantes nos genes da α-globina: a mutação missense HBA1:c.237C>A (associada à Hb Stanleyville-II) e a deleção -α3.7, ambas em heterozigose. Esses achados sustentam o diagnóstico de HbSS com co-herança de uma variante da α-globina (Hb Stanleyville-II) e α⁺-talassemia, resultando no genótipo (βS/βS) (αα/-α3.7 + Stanleyville-II). A análise dos pais mostrou perfil de Hb AS na mãe e, no pai, heterozigose composta para Hb S e Hb Stanleyville-II associada à co-herança de α⁺-talassemia. O paciente manteve-se clinicamente assintomático, apresentando anemia, microcitose e hipocromia no hemograma, atribuídas à co-herança com a deleção -3.7 kb.

Conclusão

Este caso ilustra a heterogeneidade genética das hemoglobinopatias e os desafios diagnósticos impostos pela co-herança de variantes raras. Além disso, reforça a hipótese de que a interação entre a Hb Stanleyville-II e a Hb S pode modular a gravidade clínica da doença, configurando-se como possível alvo para futuras estratégias terapêuticas na anemia falciforme.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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