HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosAnemia de Doença Crônica (ADC) apresenta elevada prevalência, é uma condição clínica comum em distúrbios infecciosos, inflamatórios ou doenças neoplásicas. Ocorre como consequência da resposta inflamatória persistente, que leva à ativação de macrófagos e à liberação de citocinas como IL-6 e TNF-α, as quais bloqueiam a liberação de ferro e reduzem a resposta à eritropoetina, mecanismos que, associados a sobrevida das hemácias, culminam em uma resposta medular inadequada e deficiência funcional de ferro. Nesse contexto, a integração entre marcadores inflamatórios e os parâmetros hematológicos pode aprimorar o diagnóstico e o manejo clínico dessa patologia.
ObjetivosAnalisar como os marcadores inflamatórios (hepcidina, ferritina, IL-6 e TNF-α) contribuem para o diagnóstico diferencial e monitoramento da anemia de doença crônica (ADC).
Material e métodosTrata-se de uma revisão integrativa da literatura. Foram utilizados os descritores “anemia de doença crônica” e “biomarcadores inflamatórios”. A busca foi realizada nas bases de dados SciELO e PubMed, no período entre os anos de 2002 e 2023, nos idiomas português e inglês, incluiu-se os artigos disponíveis online e na íntegra.
Discussão e conclusãoResultados: Os estudos incluídos analisaram pacientes com diversas condições crônicas associadas à ADC, como Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), doença renal crônica (DRC) e artrite reumatóide. No LES, observou-se um aumento significativo nas concentrações de ferritina, correlacionando com o estado inflamatório e a ADC. Em pacientes com DRC, os níveis elevados de hepcidina têm sido atribuídos não apenas à redução de sua eliminação pelos rins, mais também ao aumento de sua produção estimulado pela resposta inflamatória característica desse quadro. Em pacientes com artrite reumatóide, maioria dos estudos, os biomarcadores inflamatórios se correlacionam de forma significativa com a fisiopatologia e a gravidade da ADC.
DiscussãoOs biomarcadores possuem grande potencial na avaliação da gravidade e evolução da anemia de doença crônica. A citocina inflamatória IL-6 estimula a produção de hepcidina, hormônio que regula o metabolismo do ferro, quando elevada inibe a ferroportina, proteína que libera ferro dos macrófagos e enterócitos para a circulação. Como consequência, o ferro fica retido nos estoques corporais, levando a uma deficiência funcional de ferro. Esse mecanismo eleva os níveis de ferritina, , que também atua como marcador inflamatório. Ao contrário da anemia ferropriva, em que a ferritina está reduzida, na ADC ela se apresenta aumentada, o que auxilia no seu diagnóstico diferencial. Os valores elevados de TNF-α são um marcador de estado inflamatório, ao inibir a proliferação de células eritroides na medula óssea e reduzir a resposta à eritropoetina, intensificando o quadro anêmico em doenças inflamatórias.
ConclusãoEvidenciou que os biomarcadores inflamatórios hepcidina, IL-6, ferritina e TNF- α, associados com a patologia de base, desempenham papel fundamental no diagnóstico diferencial e no monitoramento da gravidade da anemia de doença crônica. Essa integração entre biomarcadores pode aprimorar o manejo clínico da ADC, auxiliando na estratificação de risco e na tomada de decisão terapêutica.




