Compartilhar
Informação da revista
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID – 2850
Acesso de texto completo
AVALIAÇÃO IN VITRO DOS EFEITOS DA HIDROXIUREIA NA INTEGRIDADE E PERMEABILIDADE DA BARREIRA INTESTINAL
Visitas
25
LM Semolini, FC Leonardo, FF Costa, N Conran, ÉMFG Azevedo
Centro de Hematologia e Hemoterapia (Hemocentro), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil
Este item recebeu
Informação do artigo
Suplemento especial
Este artigo faz parte de:
Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

Mais dados
Introdução

A anemia falciforme (AF) é uma doença hereditária causada por alteração na hemoglobina, caracterizando-se por inflamação crônica, disfunção endotelial e episódios recorrentes de isquemia-reperfusão, que provocam danos em múltiplos órgãos e tecidos. Alterações intestinais, como disbiose e aumento da permeabilidade, têm sido relatadas recentemente na AF, podendo intensificar a inflamação sistêmica e agravar a evolução clínica. A hidroxiureia (HU), utilizada como terapia da AF, estimula a síntese de hemoglobina fetal e reduz a ocorrência de eventos vaso-oclusivos, além de apresentar efeitos anti-inflamatórios e vasodilatadores. Apesar disso, pouco se sabe sobre sua influência direta na manutenção da integridade e permeabilidade da barreira intestinal.

Objetivos

Avaliar os efeitos do uso de HU sobre a integridade e permeabilidade da barreira intestinal in vitro utilizando células Caco-2.

Material e métodos

A linhagem Caco-2, derivada de adenocarcinoma de cólon humano, foi cultivada de acordo com protocolos do ATCC (American Type Culture Collection). O fenótipo epitelial foi confirmado por citometria de fluxo por meio da expressão da molécula de adesão celular epitelial (EpCAM). Foram avaliadas quatro condições experimentais: Basal, HU (100 µM), lipopolissacarídeo (LPS, 10 µg/mL) e HU+LPS (HU administrada 30 minutos antes do LPS). A viabilidade celular foi determinada pelo ensaio MTS após 24 horas, enquanto a permeabilidade paracelular foi mensurada por ensaio de FITC- dextran. A integridade da barreira epitelial foi avaliada por duas abordagens complementares: resistência elétrica transepitelial (TEER), medida de 0 a 24 horas, e análise por ECIS (Electric Cell-substrate Impedance Sensing), realizada de 0 a 36 horas.

Resultados

A análise fenotípica por citometria de fluxo confirmou o perfil epitelial das Caco-2, com 97,1% de positividade para EpCAM. Resultados preliminares mostraram que a HU protegeu a barreira epitelial contra a quebra induzida por LPS, atenuando a redução da TEER e sugerindo um efeito protetor significativo em relação ao grupo tratado apenas com LPS (529,7 ± 111,0 vs. 1323,0 ± 91,0 para LPS e HU+LPS, respectivamente; P = 0,010; n = 2). A análise por ECIS confirmou o efeito protetor da HU, demonstrando que sua aplicação prévia ao LPS preservou a resistência transepitelial ao longo do tempo, enquanto o LPS isolado promoveu uma acentuada redução nos valores de resistência (Ω). No ensaio de permeabilidade com FITC-dextran não foi encontrada diferença significativa entre LPS e HU+LPS (292,0 ± 35,1 vs. 278,9 ± 25,0 para LPS e HU+LPS, respectivamente; P = 0,989; n = 3); contudo, observou-se efeito benéfico do uso de HU quando comparado ao Basal (292,9 ± 17,3 vs. 193,6 ± 19,9 para Basal e HU, respectivamente; P = 0,003; n = 6).

Discussão e conclusão

Os resultados indicam que, embora a HU não tenha impedido o aumento da permeabilidade paracelular induzida pelo LPS, apresentou efeito protetor sobre a integridade epitelial, evidenciado pela menor redução da resistência elétrica nos ensaios TEER e ECIS. Quando administrada isoladamente, a HU reduziu a permeabilidade em relação ao basal, sugerindo papel benéfico na manutenção da função de barreira intestinal. Novas análises são necessárias para aprofundar a compreensão de seus efeitos no epitélio intestinal; entretanto, os achados reforçam o potencial da HU na proteção da integridade e permeabilidade da barreira, contribuindo para esclarecer seus mecanismos e abrindo perspectivas terapêuticas para preservar a homeostase intestinal em pacientes com AF.

O texto completo está disponível em PDF
Baixar PDF
Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Opções de artigo
Ferramentas