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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 2178
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AVALIAÇÃO DO LIMIAR DE DOR E PENSAMENTOS CATASTRÓfiCOS EM PACIENTES ADULTOS COM DOENÇA FALCIFORME
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F Galvão, BD Benites, MM Galafassi, MSM Rosa, BP Campelo, AL Lopes, ALV Pansani, G Feldberg, STO Saad
(Centro de Hematologia e Hemoterapia (Hemocentro), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Sangue, Campinas, SP, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

A dor é um dos mais importantes sintomas referidos pelos pacientes com doença falciforme (DF), impactando significativamente nas esferas funcional, financeira, psicológica e emocional dos indivíduos acometidos pela doença. Além dos aspectos fisiopatológicos, há uma interação complexa de fatores que podem afetar a percepção da dor, como alterações de humor, problemas emocionais, crenças negativas e pensamentos catastróficos (PC). Como resultado desses fatores, principalmente em relação aos PC, a dor pode ser interpretada como uma ameaça real, e uma reação exagerada pode ser iniciada em resposta a essa ameaça mantendo condições dolorosas, tornando-as mais incapacitantes do que a própria dor, levando a consequências físicas e psicológicas negativas.

Objetivos

Este estudo teve como objetivo avaliar a prevalência de PC em pacientes adultos com DF e sua associação com o limiar de dor (LD).

Material e métodos

Os participantes foram divididos em dois grupos de acordo com a gravidade da doença: genótipos que tendem a complicações mais graves (HbSS e HbSβ0) (G1) versus aqueles com menor gravidade (HbSC e HbSβ+) (G2). O LD foi avaliado por meio de algômetro digital de pressão e os PC foram avaliados pelo Questionário de Pensamentos Catastróficos (QPC), com escores variando entre 0 (melhor) e 5 (pior).

Resultados

O estudo incluiu 62 pacientes (43 mulheres e 19 homens), sendo 46 HbSS, 3 HbSβ0, 10 HbSC e 3 HbSβ+, com mediana de idade de 44,5 anos (28,0– 65,0). A mediana do LD na região lombar esquerda foi de 31,5 N (2,0–70,4) no G1 (n = 49) e 23,3 N (2,6–41,6) no G2 (n = 13) (p = 0,053), enquanto na lombar direita foi de 30,2 N (3,1–68,7) e 22,5 N (2,6–40,6), respectivamente (p = 0,061). Para o quadril esquerdo, os valores foram de 30,3 N (4,6–68,3) e 26,2 N (6,3–47,3) (p = 0,395), e para o quadril direito, de 34,2 N (4,5–69,2) e 32,2 N (8,1–55,8) (p = 0,581). O QPC mediano foi de 1,66 (0,22–5,00) no G1 e 1,44 (0,22–4,88) no G2 (p = 0,779). A análise de correlação entre os valores de LD nos diferentes pontos avaliados e o QPC não revelou associações significativas.

Discussão e conclusão

Os achados sugerem que, independentemente da gravidade da DF, os pacientes apresentaram maior sensibilidade dolorosa em comparação a outras doenças, como hemofilia e osteoartrite. Os valores mais baixos de LD observados podem estar relacionados à sensibilização central, sugerindo alterações no processamento nociceptivo que contribuem para a cronificação da dor nessa população. Além disso, a convivência contínua com a dor, possivelmente, faz com os pacientes com DF desenvolvam mecanismos de enfrentamento que atenuam os PC frente à dor. Portanto, pacientes com DF apresentaram baixos níveis de PC e LD, sem correlação significativa entre essas variáveis. Tais resultados indicam que a sensibilidade dolorosa aumentada pode estar mais relacionada a mecanismos fisiopatológicos, como a sensibilização central, do que a fatores cognitivos avaliados.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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