O Tromboembolismo Venoso Profundo (TVP) é uma complicação comum em pacientes com câncer, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade nesta população. O Linfoma Não Hodgkin (LNH), está fortemente associado a um risco elevado de TVP. Isso se deve aos diversos mecanismos envolvidos na formação de trombos, ativados diretamente pela célula do câncer, mas também por fatores ligados ao hospedeiro e ao tratamento envolvendo quimioterápicos. A implementação de diretrizes clínicas, tem sido fundamental para a gestão do tromboembolismo venoso em pacientes com câncer. Nesse contexto, os Modelos de Avaliação de Risco (RAMs) têm se mostrado essenciais para a estratificação de risco e para orientar decisões terapêuticas, dentre eles o Khorana e o Throly, este especificamente para linfomas.

Nosso objetivo no estudo foi analisar a incidência de trombose em pacientes atendidos no Ambulatório da Irmandade Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP) diagnosticados com Linfoma Não Hodgkin (LNH) e avaliar a aplicabilidade e eficácia dos escores de Khorana e ThroLy na predição de risco trombótico nesse grupo.

Foi realizada análise retrospectiva de 385 pacientes com diagnóstico histológico confirmado de LNH que foram atendidos na ISCMSP, por um período de 5 anos. A coleta de dados baseou-se em informações dos registros médicos descritos em prontuário eletrônico utilizado pela ISCMSP.

Entre os 385 pacientes 42 (10,9%) apresentaram histórico de TVP. Pelo escore de Khorana não foi relatado população de baixo risco, sendo 78% dos pacientes classificados como risco intermediário e 16% como alto risco. Em contrapartida, de acordo com o modelo de ThroLy, 47,7% foram classificados como baixo risco e 12% como alto risco. Além destes, outros critérios foram avaliados pelo estudo, como presença de massa volumosa e agressividade pelo tipo histológico, apresentando significância estatística.

O estudo demonstrou que o modelo de ThroLy apresentou melhor desempenho que o Khorana na estratificação de risco trombótico em pacientes com LNH, evidenciado pela associação estatisticamente significativa com TVP, sugerindo que a adoção desse escore pode contribuir para otimizar a identificação de pacientes de alto risco e intervenções direcionadas.