HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO processamento do sangue e a indicação correta da transfusão são fundamentais para a terapia transfusional. A Portaria n° 05/2017 estabelece normas para o controle de qualidade dos Concentrados de Plaquetas (CP), exigindo a avaliação de pelo menos 1% da produção. Este estudo analisa os resultados de um ano de controle de qualidade realizados no Hemepar, destacando particularidades locais em relação à legislação vigente.
ObjetivosAvaliar a qualidade de concentrado de plaquetas produzidos pela metodologia PRP no HEMEPAR pelo período de 12 meses.
Material e métodosForam avaliadas 225 bolsas de CP, através da metodologia de Plasma Rico em Plaquetas (PRP), utilizando bolsas quádruplas Fresenius Kabi. Após a coleta, as bolsas foram mantidas em sistema de refrigeração Compocool WB. Os PRP foram separados em centrífugas Thermo Heraeus Cryofuge 8, e os CP processados por meio de de extratores automatizados CompoMat G5 Plus, Fresenius Kabi. O número de plaquetas no sangue total foi mensurado inicialmente (em analisador hematológico Mindray BC 780), bem como peso/volume da bolsa (em balança Gehaka PG4001), permitindo o cálculo da recuperação plaquetária. Os parâmetros de controle de qualidade no concentrado de plaquetas foram realizados no quinto dia de validade, incluindo testes de volume, pH (medido em potenciômetro Gehaka PG1800), swirling, aspecto visual, contagem de leucócitos e plaquetas por microlitro (Mindray BC 780) e controle microbiológico (sistema BactAlert).
ResultadosForam analisadas 225 amostras, correspondendo a 1,39% da produção total de CP, que somou 16.133 bolsas no período. Foi obtida uma amostra microbiológica positiva para Cutibacterium acnes. O setor de processamento possui cinco centrífugas, semanalmente avaliadas. A recuperação média de plaquetas a partir do sangue total foi de 73%. O número médio de plaquetas do doador encontrado foi de 220.000 µL, o que equivale a 11,3×10^10 plaquetas/µL, para o volume médio de sangue total de 474 mL. Contudo, 11 unidades (5% das amostras) apresentaram menos de 150.000 plaquetas µL. Nos concentrados de plaquetas, a média de volume foi de 66 mL, com uma média de leucócitos de 0,4×10^8 por unidade e média de plaquetas de 8,66×10^10 por unidade. O pH médio dos produtos foi de 7,22 e 215 amostras apresentaram swirling avaliado acima de 2+.
Discussão e conclusãoOs dados indicam conformidade satisfatória na produção de Concentrados de Plaquetas (CP) pelo método de PRP, com recuperação média de 73% e qualidade adequada, demonstrada por pH dentro dos padrões, baixa contagem de leucócitos e swirling superior a 2+ na maioria das amostras. A única ocorrência de contaminação microbiológica foi resolvida com revisão de procedimentos e capacitação da equipe, sendo assim uma oportunidade de melhoria e reforçando a eficácia do controle de qualidade. A identificação de 11 doadores com baixa contagem plaquetária, resultando em 9 CP com número de plaquetas abaixo do mínimo preconizado, evidencia o impacto da condição do doador na qualidade do hemocomponente. O controle rotineiro dos processos e equipamentos garantiu a segurança e consistência dos produtos. As técnicas atuais de processamento e controle de qualidade permitem a produção de hemocomponentes em conformidade com a legislação, promovendo o seu uso racional, otimizando o tratamento do paciente e reduzindo riscos transfusionais.
ReferênciasPortaria de consolidação n° 5/2017; Guia para Uso de Hemocomponentes, Conselho Europeu, AABB.




