HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA doença falciforme é uma hemoglobinopatia hereditária marcada por anemia hemolítica crônica, isquemia tecidual e inflamação sistêmica. Os neutrófilos são capazes de formar armadilhas extracelulares que desempenham importante contribuição para o estado inflamatório crônico da DF. A enzima PAD4, codificada pela gene PADI4, é uma proteína expressa em granulócitos, sendo essencial para o processo de formação das NETs e, por consequência, de suma importância para a resposta inflamatória e imunológica.
ObjetivosInvestigar a expressão do gene PADI4 em crianças com doença falciforme.
Material e métodosEste projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (CAAE 39150420.5.0000.8667). Participaram do estudo 16 crianças diagnosticadas com doença falciforme, acompanhadas no Ambulatório de Hematologia e Hemoterapia do Hemocentro Regional de Uberaba/MG. A coleta de sangue periférico foi feita por venopunção. A extração do RNA total empregou o kit SV Total RNA Isolation System (PROMEGA – EUA), e a síntese de cDNA ocorreu por meio do kit High Capacity DNA Reverse Transcription Kit (Applied Biosystems™, EUA). A quantificação relativa do gene PADI4 foi feita PCR em tempo real, utilizando o kit Gotaq® qPCR Master Mix (PROMEGA). O gene de referência ACTB foi adotado como controle endógeno. Os ensaios com primers e sondas específicas foram desenvolvidos pela Applied Biosystems (ABI, EUA). O software GraphPad Prism 10.3.1 foi utilizado para a análise dos dados e a significância estatística foi definida como p < 0,05.
ResultadosParticiparam do estudo 16 crianças, sendo 10 do sexo masculino e 6 do sexo feminino. No total, 9 crianças apresentavam o genótipo HbSS e 7 o genótipo HbSC. A mediana de idade dos participantes foi de 7 anos (1 a 13 anos). Não foi observada diferença na expressão do gene PAD4 entre os genótipos avaliados (p = 0,68).
Discussão e conclusãoA complexidade da fisiopatologia da DF envolve múltiplos mecanismos celulares e moleculares que contribuem para as manifestações clínicas variáveis. Nesse contexto, o gene PADI4 (peptidilarginina deiminase tipo 4) tem emergido como um possível modulador da resposta inflamatória, por participar da citrulinação de proteínas nucleares e da regulação epigenética de genes envolvidos na inflamação. Estudos recentes sugerem que PADI4 pode influenciar a expressão de citocinas pró-inflamatórias, além de modular a ativação de células imunes, como neutrófilos e monócitos. Em modelos de doenças inflamatórias, a superexpressão de PADI4 tem sido associada ao agravamento do quadro clínico, indicando um papel potencial na perpetuação de processos inflamatórios crônicos, como os observados na DF. Apesar dos dados da literatura, no presente estudo não foi observada maior expressão do gene nos indivíduos HbSS. Isso pode estar relacionado ao tamanho amostral limitado, mas também pode refletir a heterogeneidade clínica e molecular encontrada na doença falciforme. Além disso, PADI4 pode exercer um papel transversal na inflamação de base da DF, independentemente do perfil genético específico. Assim, a análise da expressão e regulação funcional de PADI4 pode contribuir para a identificação de novos marcadores de gravidade ou alvos terapêuticos para modulação da inflamação em indivíduos com DF.
ConclusãoNão houve maior expressão de PAD4 em indivíduos com genótipo HbSS, na amostra analisada.
Apoio Financeiro: FAPEMIG e UFTM.




