O transplante de células-tronco hematopoiéticas é um procedimento no qual células hematopoiéticas progenitoras de um doador são infundidas em um paciente com medula óssea comprometida, objetivando otimização do sistema imune. De acordo com o Registro Brasileiro de Transplantes, no período entre 2013-2023 foram realizados 36.432 transplante de células-tronco hematopoiéticas. Em 2023 foram registrados 4262, sendo 2568 autólogos e 1694 alogênicos. Considerando o tipo de transplante realizado, em primeiro lugar destacam-se os autólogos, seguidos pelos alogênicos aparentados e alogênicos não aparentados.

Descrever os tipos de transplantes de células-tronco hematopoiéticas realizados no serviço da Rede Hospital Casa no Rio de Janeiro, de 2022 a julho de 2025, assim como, a incidência de mucosite oral neste período.

Trata-se de estudo observacional, descritivo, do tipo transversal, retrospectivo, baseado nos registros dos prontuários da instituição.

Entre 2022 (ano de implementação do serviço) e 2025, foram realizados 29 transplantes de células-tronco hematopoiéticas na instituição. Os anos de 2022 e 2023 representaram os anos com maior número de transplantes, 10 casos cada (34,5% cada). Em 2024 e 2025, sete (24,1%) e dois (6,8%) transplantes foram realizados respectivamente. Dentre os tipos de transplante, apenas um transplante alogênico foi realizado (3,4%), sendo a maioria, transplante autólogo (96,6%). No que se refere aos pacientes, 51,7% eram do sexo masculino e 48,3% do sexo feminino. A mucosite oral ocorreu em 17,2% dos pacientes, sendo 6,9% grau máximo 1, e 10,3% grau 2 (escala da Organização Mundial de Saúde).

No Brasil, a instituição pioneira na realização de transplante de células-tronco hematopoiéticas foi a Universidade Federal do Paraná, que iniciou o serviço em 1979. O serviço de transplante da Rede Hospital Casa no Rio de Janeiro foi iniciado em 2022 e até o momento atual foram realizados 29 transplantes na instituição, com maioria do tipo autólogo, ratificando o reportando pelo Registro Brasileiro de Transplantes. A inserção da equipe de odontologia na equipe de transplante nesta instituição ocorreu desde a implementação do serviço. Além da avaliação odontológica antes do transplante, os pacientes são acompanhados durante o período de internação e após a alta hospitalar, seguindo as diretrizes nacionais. Desde o início do condicionamento à pega da medula são reforçados os cuidados orais, é prescrito bochecho com clorexidina 0,12%, de 12/12 horas, assim como, é realizada diariamente a laserterapia de baixa potência profilática para a prevenção de mucosite oral (660 nm, potência de 100 mW, 1 J/ponto). Desta forma, conclui-se que o serviço da Rede Hospital Casa realizou 29 transplantes no período especificado, com maioria do tipo autólogo e com baixa incidência de mucosite oral. Este cenário reforça a importância da atuação do cirurgião-dentista nos serviços de transplantes de células-tronco hematopoiéticas com o objetivo de prevenir toxicidades orais e melhorar a qualidade de vida dos pacientes durante as etapas do tratamento antineoplásico.