HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA mononucleose infecciosa (MI) é uma doença transmissível, cuja principal etiologia é infecção primária pelo vírus Epstein-Barr (EBV), que afeta principalmente crianças e jovens até 25 anos de idade. As manifestações clínicas são variadas, destacando-se a tríade: febre, faringite ou amigdalite com exsudado e linfoadenomegalias, principalmente de cadeias cervicais posteriores, e outras manifestações como acometimento hepático, esplênico e rush cutâneo podem estar presentes. A doença tem evolução benigna na maioria das vezes, porém complicações neurológicas podem raramente aparecer, sobretudo meningoencefalite, paresia de nervos cranianos, meningite, cerebelite aguda síndrome de Guillain-Barré e mielite transversa. O trabalho tem como objetivo relatar um caso de mononucleose infecciosa com apresentação paucissintomática em criança.
Descrição do casoPré-escolar masculino, 4 anos de idade, apresentou edema palpebral bilateral 2 dias antes da chegada ao serviço, negando febre, linfoadenomegalia, faringo-amigdalite, recusa alimentar. Ao exame físico a criança tinha bom estado geral, normocorado, presença de edema palpebral bilateral, compatível com sinal de Hoagland, não apresentando hepatomegalia e/ou esplenomegalia. Hemograma com hemoglobina 12.4 g/dl e leucometria de 17.000/mm3 com linfocitose relativa e absoluta e com presença de 42% de linfócitos atípicos no esfregaço de sangue periférico. Foram realizadas sorologias por ELISA para Epstein-Barr, cujo resultado foi IgM 21 S/CO, o que sugere infecção aguda ou recente por ser superior a 1,00 S/CO. As sorologias para citomegalovírus, Toxoplasma gondii, HIV, herpes vírus humano 6 (HHV-6), o herpes simplex vírus tipo 1 (HSV-1), também foram realizadas, porém IgM não reagentes, por estarem inferiores ao valor de referência. A criança foi acompanhada ambulatorialmente por 4 semanas e não apresentou outras manifestações clínicas, nem laboratoriais e com redução gradual das atipias linfocitárias.
ConclusãoDados da literatura colocam a febre como o sinal predominante na doença e nas crianças pode ser mais baixa do que em adultos, porém a criança não apresentou relato de febre e sim de edema palpebral (sinal de Hoagland), o qual pode estar presente em apenas aproximadamente um terço dos casos. Em crianças com menos de cinco anos pode haver linfocitose atípica de grande monta, e essa característica de atipia foi o que deu relevância a pesquisa pela etiologia. A importância do diagnóstico se faz maior pelo fato da excreção oral do EBV poder estender-se em até 18 meses após o início da doença, com eliminação constante ou intermitente no ambiente, o que contribui para epidemias entre crianças e jovens. Em crianças menores de 5 anos a mononucleose infecciosa pode ser paucissintomática e os achados de sangue periférico sempre contribuem para diagnóstico, sendo, portanto, importante diante de atipias linfocitárias no hemograma, procurar identificar outros sinais clínicos da doença e estabelecer diagnóstico etiológico.
Referências:
Da Silva, Vanessa Yuri Nakaoka Elias, et al. Mononucleose infecciosa-uma revisão de literatura. Uningá Review. 2013;16(1).




