HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO transplante hepático é considerado a terapia definitiva para pacientes com doença hepática avançada. No entanto, o manejo pós-operatório permanece complexo e desafiador, especialmente devido às potenciais complicações que podem comprometer a viabilidade do enxerto. A duração da internação hospitalar após o procedimento é influenciada por diversos fatores, como intercorrências cirúrgicas, infecções, disfunção do enxerto e necessidade de cuidados intensivos. Dentre esses fatores, a transfusão sanguínea tem se destacado como um marcador de gravidade, estando associada a piores desfechos clínicos, maior risca de infecção, rejeição e disfunção orgânica.
ObjetivosAnalisar a correlação entre a de transfusão sanguínea e o tempo de internação hospitalar e em unidade de terapia intensiva (UTI) em pacientes submetidos a transplante hepático.
Material e métodosEstudo clínico observacional, tipo coorte retrospectivo, que avaliou 622 transplantes hepáticos consecutivos realizados no HCFMUSP, no período de 01 de janeiro 2020 a 31 de dezembro de 2023. Para excluir fatores de confusão dos pacientes com evolução a óbito foi realizada a avaliação do tempo de internação em UTI e hospitalar pós-transplante como dias vivo e livre de UTI e dias vivo e livre de hospital em 28 dias, estás variáveis foram consideradas como ordinais para estimar o efeito OR e o IC de 95% por meio de regressão logística ordenada.
ResultadosApós inclusão dos participantes, analisamos 573 pacientes submetidos a transplante hepático desde o período perioperatório até o 28° dia pós-transplante. O tempo de internação hospitalar foi dividido em tempo de internação hospitalar total e tempo de internação hospitalar pós- transplante. O tempo de internação hospitalar total foi de 20,2 ±17,9 dias (0,4-125,9 dias). O tempo de internação hospitalar pós-transplante foi de 17,4 ±15,9 dias (0,0-125,2 dias), os pacientes não transfundidos apresentaram menor tempo internação hospitalar total e pós-transplante (10,3 ± 5,4 dias e 9,7 ± 5,4 dias vs. 22,1 ± 18,8 dias e 18,9 ± 16,8 dias, p <0.001) comparado aos transfundidos. O tempo de internação em UTI foi de 7,8 ± 9,4 dias (0,0-75,3 dias) e os pacientes não transfundidos apresentaram tempo de internação hospitalar menor (3,6 ± 1,5 dias vs. 8,6 ±10,1 dias, p < 0.001). Os pacientes não transfundidos apresentaram números de dias vivo e livre de hospital estatisticamente maiores comparados aos pacientes transfundidos (19,9 dias [17,1-20,8] vs. 9,1 dias [0,0-17,5], p <0.001). Assim como, números de dias vivo e livre de UTI (21,8 dias [8,3-24,1] vs. 24,5 dias [23,5- 25,5], p <0.001).
Discussão e conclusãoA internação prolongada após o transplante hepático está frequentemente associada a complicações clínicas, cirúrgicas e infecciosas, que podem comprometer a recuperação do paciente, aumentar a morbimortalidade, elevar os custos hospitalares e impactar negativamente na sobrevida. Nesse cenário, a identificação precoce de fatores prognósticos e a atuação sobre fatores de risco modificáveis são fundamentais para a prevenção de complicações e a melhoria dos desfechos clínicos. A necessidade de transfusão sanguínea no transplante hepático associa-se a aumento do tempo de internação hospitalar e redução dos dias vivos e livres de hospital e UTI. Estratégias voltadas à otimização do manejo hemostático e à redução de transfusões desnecessárias são essenciais para mitigar os impactos negativos dessa terapêutica e promover melhores resultados clínicos no pós-operatório.




