HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO linfoma não Hodgkin (LNH) é uma neoplasia hematológica heterogênea. O microambiente tumoral é composto por interações entre células neoplásicas e componentes estromais/imunológicos que influenciam crescimento, invasividade e metástase. Entre os mediadores envolvidos, o fator de crescimento transformador beta 1 (TGF-β1) destaca-se por atuar na regulação do ciclo celular, apoptose e diferenciação, afetando diretamente a carcinogênese e a progressão tumoral. Variantes de nucleotídeo único (SNVs) em genes da via do TGF-β podem modificar a expressão ou atividade dessa citocina, modulando a resposta imunológica. Este estudo avaliou a associação dos SNVs rs1800469 (A>G) e rs1800470 (G>A) no gene TGFB1 com a suscetibilidade ao LNH e sua correlação com parâmetros prognósticos (recidiva, remissão, óbito e subtipo celular).
ObjetivosAvaliar a associação dos polimorfismos rs1800469 (A>G) e rs1800470 (G>A) no gene TGFB1 com a suscetibilidade ao linfoma não Hodgkin, bem como sua relação com parâmetros clínico-patológicos.
Material e métodosEste estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE: 59515722.70000.5231), e incluiu 276 controles e 115 pacientes com LNH. O DNA genômico foi extraído de sangue periférico e os SNVs foram genotipados por ensaios TaqMan validados. As análises estatísticas foram realizadas no SPSS Statistics v20.0.
ResultadosAnálise genotípica revelou uma associação significativa entre o genótipo GG e a suscetibilidade ao LNH (OR = 8,1806; IC 95%: 3,9643–16,8808; p < 0,0001), bem como para o genótipo AG (OR = 3,2773; IC 95%: 1,7484–6,1430; p < 0,0002). Uma análise combinada dos genótipos AG+GG também demonstrou uma associação significativa (OR = 4,3714; IC 95%: 2,4084–7,9344; p < 0,0001). Na análise alélica, o alelo G também foi positivamente associado ao aumento do risco de LNH (OR = 2,8712; IC 95%: 2,0465–4,0283; p < 0,0001). Em relação ao rs1800470 o genótipo AA foi significativamente associado a suscetibilidade ao LNH (OR = 2,8310; IC 95%: 1,321–6,0665; p = 0,0074), inclusive na análise do modelo recessivo (AA vs GA+GG) (OR = 2,4131; IC 95%: 1,3358–4,3593; p = 0,0035). Além disso, o alelo A também foi associado ao risco de LNH (OR = 1,6824; IC 95% 1,1519–2,4572; p = 0,0071). Não foram identificadas associações estatisticamente significativas entre os genótipos analisados e os parâmetros clínico-patológicos avaliados (recidiva, remissão, óbito e subtipo celular tumoral).
Discussão e conclusãoOs achados indicam que o alelo G do rs1800469 está associado a maior risco para LNH, em concordância com estudos prévios que relacionam esse alelo à suscetibilidade a neoplasias hematológicas, como LLA e LNH folicular. Variantes na região promotora do TGFB1 podem alterar a expressão do TGF-β1, modulando a resposta imune e o remodelamento tecidual, favorecendo a evasão imunológica e a progressão tumoral. O alelo A do rs1800470 também se associou ao risco para LNH, corroborando dados em LMA e LLA. Essa substituição pode impactar o equilíbrio entre efeitos pró e antitumorais do TGF-β1, contribuindo para a carcinogênese. A ausência de associação com parâmetros clínico-patológicos sugere influência dessas variantes na suscetibilidade inicial ao LNH, sem afetar sua evolução. Contudo, efeitos em subgrupos específicos não estão descartados. Conclui-se que rs1800469 e rs1800470 podem atuar como marcadores genéticos de risco para LNH e potenciais biomarcadores em neoplasias hematológicas.





