HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO Linfoma de Hodgkin (LH) apresenta alto potencial de cura com a primeira linha terapêutica, mas cerca de 30% dos pacientes recidivam, sendo 10% refratários primários. Aproximadamente metade das recidivas pode ser tratada com quimioterapia de resgate seguida de transplante autólogo de células progenitoras hematopoiéticas (TACPH). Já os casos refratários a resgate têm prognóstico reservado. A introdução dos inibidores de PD-1 no tratamento do LH recidivado/refratário (R/R) modificou esse cenário, permitindo respostas eficazes, consolidação com TACPH e potencial cura mesmo em pacientes inicialmente quimiorrefratários e politratados. No SUS, com acesso restrito a novas drogas, estratégias de tratamento-ponte com potencial de controle prolongado e custo- efetivos são especialmente atraentes.
ObjetivoRelatar a experiência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, serviço 100% SUS, com uso de pembrolizumabe (pembro) em pacientes com LH R/R.
Material e métodosForam incluídos pacientes com LH refratário ao tratamento de resgate que receberam pembro como ponte para TACPH ou, em recidiva pós-TACPH, como ponte para transplante alogênico, conforme protocolo institucional. Os dados foram coletados retrospectivamente de prontuários médicos eletrônicos.
ResultadosAté junho de 2025, dez pacientes com LH clássico refratário receberam pembro; metade era do sexo feminino. A mediana de idade foi 29 anos (16–60) e 70% estavam em estágio avançado; 30% foram refratários à primeira linha. A mediana de linhas prévias ao anti-PD1 foi 3 (2–6). Pembro foi indicado como ponte para TACPH em 8/10 pacientes e para transplante alogênico em 2/10. A mediana de ciclos foi 5 (4–12). A resposta global por PET-CT após pelo menos 3 ciclos foi 90%: 50% com resposta metabólica completa (RMC), 40% resposta parcial e um paciente aguardando exame, mas com resposta objetiva. Dos 10 pacientes, seis realizaram TACPH, um transplante alogênico e um aguarda TACPH. Um recusou TACPH após RMC e reiniciou pembro na recidiva, com 39 ciclos até o momento e doença estável. Outra paciente apresentou RMC após 3 ciclos, recusou transplante alogênico e segue em acompanhamento tendo completado 12 ciclos de pembro. Entre os 7 transplantados, houve um óbito por infecção multirresistente durante o TACPH; os demais estão vivos e sem doença nos seis com avaliação disponível, incluindo a paciente do transplante alogênico. A mediana de seguimento dos transplantados foi 11,6 meses (0–42,2).
DiscussãoO uso de anticorpos anti-PD1 mudou o paradigma no LH R/R. A exposição ao anti-PD1 antes do transplante se mostra como fator prognóstico independente para melhor sobrevida e maiores taxas de cura. Embora não disponível no SUS, pembro como ponte para transplante viabilizou tratamento definitivo em pacientes quimiorrefratários, com bom controle pós-procedimento e potencial curativo.
ConclusãoEsta série demonstra que o pembro, como terapia finita e potencialmente curativa, pode ser opção custo-efetiva no SUS em segunda ou terceira linha, como ponte para TACPH em pacientes elegíveis.




