HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO setor de Produção e Dispensação de hemocomponentes é uma das engrenagens vitais no funcionamento de um hemocentro. Sua atuação abrange não apenas a separação, controle e acondicionamento dos componentes sanguíneos, como também a dispensação precisa e segura às unidades hospitalares, assegurando a eficácia terapêutica e a integridade transfusional. Tais atividades devem obedecer aos padrões técnicos definidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), sendo monitoradas por indicadores de desempenho que avaliam perdas, aproveitamento e conformidade no fluxo de produção.
ObjetivosAvaliar os principais indicadores de desempenho do Setor de Produção e Dispensação de hemocomponentes do HEMOSE no 1° quadrimestre de 2025, com foco nos índices de descarte e volume de distribuição, visando à análise crítica de metas, desempenho técnico e planejamento de ações corretivas.
Material e métodosTrata-se de um estudo descritivo e documental, com base nos registros operacionais e estatísticos da Gerência de Produção e Dispensação (GEPRO), referentes aos meses de janeiro a abril de 2025. Os dados foram coletados de planilhas institucionais e incluem os seguintes indicadores: Descarte de Plasma Fresco Congelado (PFC); Descarte de Concentrado de Hemácias por validade; Descarte de Plaquetas por validade; Descarte de Plaquetas por contaminação de hemácias; Descarte de Plaquetas por vencimento sem liberação sorológica; Total de hemocomponentes produzidos, descartados e distribuídos.Os resultados foram comparados às metas estabelecidas pela vigilância sanitária e analisados graficamente por meio do Excel e do Matplotlib (Python 3.11). Durante o primeiro quadrimestre de 2025, foram produzidos 26.025 hemocomponentes, dos quais 19.592 foram distribuídos e 5.528 foram descartados por diferentes motivos.
Discussão e conclusãoOs dados revelam um desempenho consistente no manejo de Plasma Fresco e hemácias, resultado das estratégias de estocagem e rotatividade implantadas, como o uso de gavetas identificadas para bolsas próximas do vencimento. Em contrapartida, o descarte elevado de plaquetas, sobretudo por validade, evidencia a necessidade de ajustes no equilíbrio entre produção e demanda hospitalar, bem como revisão dos critérios de solicitação e transporte. Estudos similares realizados nos hemocentros de Minas Gerais e Pernambuco (SILVA et al., 2024; MOURA et al., 2023) também destacam as plaquetas como o hemocomponente mais sensível à perda, dada sua curta validade e exigência de conservação rigorosa.O setor de Produção e Dispensação do HEMOSE apresentou indicadores favoráveis na maioria das metas estabelecidas para o 1° quadrimestre de 2025, com destaque para a estabilidade na gestão de PFC e hemácias. No entanto, o elevado descarte de plaquetas por validade requer revisão estratégica da produção, alinhamento com a rede hospitalar e fortalecimento das ações preventivas. A análise sistemática dos indicadores se mostra essencial para a qualificação dos processos e para a racionalização dos recursos hemoterápicos.
Referências:
Silva, M. L. et al. Avaliação dos indicadores de produção e perdas de hemocomponentes em hemocentro público do Sudeste. Revista Brasileira de Hemoterapia. 2024;46(1):25–33.
Moura, R. P. et al. Descartes de hemocomponentes em serviços de hemoterapia: análise dos principais fatores. Jornal de Gestão em Saúde. 2023;19(3):88–95.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução RDC n° 34, de 11 de junho de 2014. Dispõe sobre as Boas Práticas no Ciclo do Sangue.




