HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA LMC é neoplasia mieloproliferativa caracterizada pela translocação recíproca t(9:22)(q34;q11), que resulta na formação do oncogene BCR::ABL1, também encontrado, embora com menor frequência, em pacientes com leucemia linfoblástica ou mieloide aguda (LLA e LMA). Essa fusão possui atividade tirosinoquinase desregulada, o que pode resultar na proliferação exacerbada e bloqueio da diferenciação celular. O tratamento consiste no uso de inibidores da tirosinoquinase (ITK), entretanto alguns pacientes desenvolvem resistência à medicação e a presença de variantes no domínio quinase do BCR::ABL1 podem estar relacionadas à resistência ao tratamento.
ObjetivosFoi realizado um estudo retrospectivo entre fevereiro/2024 e agosto/2025 em pacientes do Grupo Fleury diagnosticados com LMC e LLA que apresentaram falha terapêutica.
Material e métodosForam extraídos RNA a partir de sangue periférico (84%) ou medula óssea (16%). 57% das amostras pertenciam a pacientes do sexo masculino e 43% do feminino com a mediana de idade de 53 anos (34 – 64). O RNA extraído foi processado pela técnica RT-PCR quantitativo, seguido do sequenciamento de Sanger do domínio tirosinoquinase (p190 e p210) para identificação de variantes.
Discussão e conclusãoHouve concordância com a literatura em relação aos dados encontrados, entretanto, como aprimoramento deste estudo, a coleta de dados será ampliada e futuramente esses dados serão incorporados no desenvolvimento de um banco de variantes. Dessa forma, esses achados serão valiosos para aprimorar os exames realizados nos pacientes do Grupo Fleury. Foram identificadas mutações no BCR::ABL1 em 13% dos pacientes. Dos pacientes analisados, 10% apresentam uma única variante e em 3% foram observados duas ou mais variantes. Em concordância com a literatura, a variante p.(T315I) foi a mais prevalente (5% dos casos), sendo reconhecida por sua associação à resistência a diversos ITK. A p.(Phe317Ile) é uma mutação classificada como provavelmente oncogênica em casos de LMC e foi observada em 4% dos pacientes. Outras variantes como p.(Glu255Leu), p.(Gly250Glu), p.(Phe359Val), p. (Ile418Val), p.(Glu459Lys), p.(His396Agr), p.(Met472Ile) e p.(Glu355Val) foram identificadas em menor frequência e também estão associadas a resistência e falha terapêutica. Além disso, 2% dos pacientes apresentaram variantes que ainda possuem significado clínico incerto. Os dados obtidos neste estudo estão de acordo com outros previamente publicados, portanto, o sequenciamento de Sanger ainda se mostra uma valiosa metodologia para auxiliar na conduta terapêutica. Entretanto, há que se apontar que esse método permite a identificação de variantes com frequência alélica igual ao superior a 20%. Além disso, para realizar a análise da mutação em BCR::ABL1 é necessário, no caso da p210, é necessário > 0,08% de transcritos e para p190, >0,7, ou seja, durante o uso de ITK pode haver dificuldade de detecção por valores baixos de rearranjo. Além disso, outros fatores biológicos também podem induzir resistência ao tratamento.
Referências:
- 1.
Al Hamad M. Contribution of BCR-ABL molecular variants and leukemic stem cells in response and resistance to tyrosine kinase inhibitors: a review. F1000Res. 2021;10:1288. doi:10.12688/f1000research.73583.1.
- 2.
Azam M, Seeliger MA, Gray NS, Kuriyan J, Daley GQ. Activation of tyrosine kinases by mutation of the gatekeeper threonine. Nat Struct Mol Biol. 2008;15:1109-18. doi:10.1038/nsmb.1486.




