HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO acúmulo de células imunes senescentes (CISs) é um processo naturalmente observado durante o envelhecimento. CISs são caracterizadas de forma geral como células não proliferativas, e que exibem alterações fenotípicas, metabólicas e funcionais. No entanto, vários estudos relataram um acúmulo precoce de CISs, particularmente linfócitos T senescentes (Tsen), em pacientes afetados por doenças associadas à inflamação crônica, como câncer, artrite reumatoide e infecção por HIV. Nesse contexto, a doença falciforme (DF) se destaca enquanto doença hereditária de natureza pró-inflamatória crônica. Em pacientes falciformes, um ciclo de eventos que incluem a falcização das hemácias, hemólise, estresse oxidativo, ativação endotelial e imune, vaso-oclusão e isquemia e reperfusão leva à instalação de um estado inflamatório crônico de caráter cíclico. Apesar de alguns estudos demonstrarem encurtamento telomérico de células mononucleares do sangue periférico (PBMCs) de pacientes com DF, o perfil de senescência linfocitária nesses indivíduos permanece mal caracterizado.
ObjetivosPor isso, esse estudo avaliou a presença de células Tsen CD4+ e CD8+ entre PBMCs de pacientes com DF (n = 23; mediana de idade: 31 anos) tratados com hidroxiureia, regime de transfusão crônica ou uma combinação dos dois, e de doadores de sangue saudáveis (CTL, grupo controle) (n = 14; mediana de idade: 38 anos).
Material e métodosAs células senescentes foram definidas segundo seu perfil imunofenotípico que reúne os principais marcadores de superfície associados à senescência de células T: CD27, CD28, CD57 e KLRG1. Inicialmente, foram consideradas Tsen as células com imunofenotipo CD3+CD4+ ou CD3+CD8+ somado a CD27-CD28-CD57+KLRG1+. Adicionalmente, foi analisada a presença da enzima β-galactosidase, cuja atividade é associada à senescência celular (SA-β-Gal, do inglês senescence-associated β-galactosidase), também por citometria de fluxo.
ResultadosResultados preliminares mostraram que pacientes com DF apresentam menor porcentagem de células T CD3+ (25,73% ± 8,865) em comparação aos CTL (44,73% ± 7,901) e menor proporção de células Tsen CD4+ (1,191% ± 2,254) e Tsen CD8+ (12,77% ± 8,0,79) em relação ao CTL (CD4+ 3,83% ± 5,42; CD8+ 16,91% ± 11,49). Curiosamente, foi observada uma maior porcentagem de células T CD4+ e CD8+ SA-β-Gal+ em pacientes com DF (16,09% ± 8,993 e 25,19% ± 13,61, respectivamente) quando comparado aos CTL (12,94% ± 4,396 e 21,87% ± 4,602, respectivamente).
Discussão e conclusãoEsses achados sugerem que a DF, ou seus regimes de tratamento, podem alterar a dinâmica normal de populações de células Tsen em comparação aos indivíduos saudáveis. Contudo, é essencial aumentar o tamanho amostral dos grupos de pacientes e doadores saudáveis para permitir a estratificação por idade e protocolos de tratamento dos pacientes, possibilitando uma compreensão mais clara e abrangente do fenômeno biológico observado. FAPESP (2024/08708-7).




