Compartilhar
Informação da revista
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 1881
Acesso de texto completo
ALTERAÇÕES ÓSSEAS SUBCLÍNICAS ASSOCIADAS AO USO DE INIBIDORES DE TIROSINOQUINASE (ITQ) NA LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA (LMC): POSSÍVEL ESTÁGIO INTERMEDIÁRIO ANTERIOR À NECROSE ÓSSEA
Visitas
28
JFdS Junior, KM Amaral, AV Coelho, ÉI Guilherme, GrdO Medeiros, ALV Mion, DC Setubal, I Menezes, V Funke
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil
Este item recebeu
Informação do artigo
Suplemento especial
Este artigo faz parte de:
Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

Mais dados
Introdução

A leucemia mieloide crônica (LMC) é caracterizada pela translocação (9;22) e pela formação do gene de fusão BCR-ABL1, cuja proteína resultante promove proliferação mieloide descontrolada. O uso de inibidores de tirosinoquinase (ITQs) transformou seu manejo, proporcionando sobrevida semelhante à população geral. Apesar de toxicidades conhecidas - gastrointestinais, musculoesqueléticas e metabólicas, alterações ósseas têm sido pouco exploradas. Há relatos raros de necrose avascular de cabeça femoral e necrose de mandíbula associadas a ITQs, mas a ocorrência de desgaste ósseo progressivo, sem necrose estabelecida, pode representar um espectro intermediário ainda não descrito.

Objetivos

O objetivo deste trabalho foi investigar a ocorrência de alterações ósseas subclínicas ou de desgaste em pacientes com LMC, avaliando possíveis associações com tempo de tratamento, características clínicas e perfil terapêutico.

Material e métodos

Foi realizado um estudo observacional retrospectivo, incluindo 291 pacientes adultos com diagnóstico de LMC acompanhados no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC-UFPR) no período de 2000 a 2024. As variáveis clínicas, laboratoriais e terapêuticas foram obtidas por meio de revisão de prontuários físicos e registros eletrônicos. Entre os 1.440 eventos não hematológicos registrados, foram identificados e analisados aqueles classificados como “dentários” nos prontuários, tais como: perda dentária, mobilidade aumentada e fragilidade dentária; como potenciais manifestações de comprometimento ósseo sem necrose estabelecida. Não foram realizados exames de imagem específicos, sendo a avaliação baseada em dados clínicos documentados e evolução descrita nos registros.

Resultados

A prevalência estimada de eventos dentários sugestivos de desgaste ósseo foi de 3,1% (n = 9), ocorrendo com maior frequência em pacientes em uso prolongado (>5 anos) de imatinibe ou nilotinibe. Não foi observada correlação significativa com idade, sexo ou fase da LMC. Houve sobreposição com outros eventos musculoesqueléticos, como dor, rigidez e limitação funcional. Um caso de necrose mandibular foi identificado em paciente com uso prolongado de imatinibe após recaída de transplante de medula óssea.

Discussão e conclusão

Os achados sugerem que alterações ósseas subclínicas ou de desgaste podem ocorrer em usuários crônicos de ITQs, possivelmente relacionadas à inibição de quinases envolvidas no metabolismo ósseo, como PDGFR e c-KIT. Essas alterações podem representar uma fase prévia e potencialmente prevenível da necrose óssea. Conclui-se que tais manifestações merecem investigação sistemática, pois a identificação precoce pode permitir intervenções antes da instalação de dano irreversível. A vigilância clínica contínua deve ser incentivada, de forma a prevenir complicações tardias e preservar a qualidade de vida dos pacientes.

O texto completo está disponível em PDF
Baixar PDF
Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Opções de artigo
Ferramentas