HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO sistema ABO foi descoberto em 1900 por Karl Landsteiner que realizava mistura de amostra de indivíduos diferentes e com isso, observava a presença de coágulos (união das hemácias), hoje chamado de aglutinação. Esse estudo então, deu origem a interação antígeno- anticorpo que conhecemos. Os antígenos A e B estão presentes nas hemácias á partir da 5ª semana da vida intrauterina, e sua expressão embora pequena ao nascimento, aumenta ao longo do crescimento, atingindo sua maior expressão até os 2 anos. Os Anticorpos anti-A e anti-B são, na sua maioria da classe IgM, mas também podem ser encontrados nas classes IgG e IgA. Nos indivíduos do grupo O são encontrado anticorpos anti-A,B da classe IgG. Os anticorpos não estão presentes ao nascimento, começando aparecer entre 3 e 6 meses de vida, quando da completa maturação do sistema imunológico. A DHPN tem como característica a destruição das hemácias do feto e do recém-nascido, devido à incompatibilidade materno-fetal. A incompatibilidade ABO ocorre, em sua maioria, entre mães do grupo sanguíneo O com filhos dos grupos A ou B, devido a presença de anticorpos IgG, no plasma materno que são capazes de passar pela barreira placentária para a circulação fetal, com isso, podem acelerar o processo de destruição das hemácias desde a vida intrauterina. Normalmente, a incompatibilidade ABO é de forma branda que pode ser resolvida com a fototerapia.
ObjetivosEsse trabalho tem como objetivo mostrar de forma fácil o uso das metodologias utilizadas em um laboratório de referência para identificar a ocorrência da DHPN ocasionada pela incompatibilidade ABO, analisando o sangue de um recém-nascido.
Material e métodosPara realização desses testes, iremos utilizar a metodologia em gel- centrifugação, pois é uma metodologia com uma maior segurança, por ser até 4 vezes mais sensível que a metodologia em tubo além de permitir uma padronização nas leituras de aglutinação, visto que os antígenos ABO em recém-nascidos estão com a expressão baixa. Realização de classificação ABO direta, classificação Rh(D) e Teste da Antiglobulina Direta (TAD) em todas as amostras do RN. Nos casos de TAD positivo são realizados pesquisa de classes (IgG, IgM, IgA), frações de complemento (C3d e C3c) e subclasses (IgG1 e IgG3). Também é realizada eluição ácida dos anticorpos aderidos na superfície das hemácias.
Discussão e conclusãoA importância da determinação das subclasses IgG está associada com o poder hemolítico e com a velocidade de destruição das hemácias, correlacionada com a gravidade da doença. O cartão de antiglobulina possui um linear de detecção de 50 IgG grudadas na superfície das hemácias. Por isso, mesmo com TAD negativo faz-se necessário a realização de eluato na primeira amostra do RN. Já que a técnica de eluição, concentra os anticorpos presentes nas hemácias, aumentando as chances de detecção e identificação desses anticorpos. O eluato será utilizado para realização da Pesquisa de Anticorpos Irregulares, que no caso de positividade será seguido também por um painel de identificação de anticorpos e devem ser utilizadas hemácias A e B para verificação da presença de anticorpos do grupo ABO.
ConclusãoA correta realização dos testes imuno-hematológicos assim como a melhor escolha da metodologia faz-se necessário, principalmente a realização de eluição mesmo com o TAD negativo.
ReferênciasGirello, Ana Lúcia; Bellis Kühn, Telma Ingrid B.Fundamentos da imuno-hematologia eritrocitária. 4ª edição Ed. Senac 2016. Quinley, Eva D. Immunohematology. 3ª edição Ed. Wolters Kluwer, 2011.




