A manutenção de estoques adequados de hemocomponentes é um desafio permanente para os serviços de hemoterapia, especialmente diante de fatores como sazonalidade, feriados prolongados, eventos climáticos adversos e crises sanitárias. Nessas circunstâncias, a coleta externa desponta como estratégia fundamental para ampliar o acesso à doação voluntária, aproximando o serviço da comunidade por meio de parcerias com instituições públicas e privadas, e oferecendo ao doador a possibilidade de contribuir em locais alternativos à sede do hemocentro. Essa abordagem favorece a descentralização da captação e contribui para a regularidade no abastecimento dos estoques.

Avaliar a efetividade das coletas externas realizadas pelo Banco de Sangue Serum, no Rio de Janeiro, como estratégia de suporte à manutenção dos estoques de hemocomponentes no período de julho de 2024 a julho de 2025.

Estudo descritivo, com abordagem quantitativa e análise retrospectiva dos dados referentes às campanhas externas de doação de sangue promovidas pelo banco de sangue Serum. Foram analisadas informações extraídas do sistema informatizado da instituição, considerando o número total de campanhas realizadas, a quantidade de bolsas coletadas e sua representatividade em relação ao total de bolsas coletadas no período. Os dados foram processados por meio de estatística descritiva simples, com cálculo de frequências absolutas e relativas.

No período de julho de 2024 a julho de 2025, foram realizadas 29 campanhas de coleta externa, que totalizaram 80 dias efetivos de coletas fora da sede, em parceria com universidades, empresas, instituições religiosas e órgãos públicos e privados. As campanhas resultaram na coleta de 4.091 bolsas de sangue, correspondendo a 17,1% do total de bolsas coletadas pela instituição no período analisado. Observou-se que as coletas externas foram especialmente relevantes nos períodos de menor comparecimento espontâneo à sede, evidenciando sua importância estratégica para a regularidade do abastecimento do serviço transfusional.

A análise dos dados reforça a relevância das coletas externas como ferramenta de mobilização social e manutenção dos estoques hemoterápicos. A logística eficiente, o planejamento prévio, o fortalecimento das parcerias e a comunicação eficaz com as instituições anfitriãs foram fatores determinantes para o êxito das ações. Em um cenário de desafios crescentes na captação de doadores, ações descentralizadas representam um diferencial para a sustentabilidade dos serviços de hemoterapia.