Objetivos: A doença falciforme (DF) é doença genética crônica e inflamatória caracterizada por anemia hemolítica, crises vaso-oclusivas e lesão endotelial de diversos órgãos. O surto da infecção pelo coronavírus, marcado por casos de síndrome respiratória aguda grave, alcançou níveis de emergência global–até ser declarada pandemia. O objetivo deste estudo foi avaliar por meio de revisão bibliográfica, a susceptibilidade a desenvolver formas graves da doença no contexto do paciente com anemia falciforme. Material e métodos: O trabalho foi realizado a partir de revisão bibliográfica sobre a temática nas bases de dados científicas PubMed, Medline e BVS. Foram incluídos artigos publicados no período de Dezembro/2019 a Julho/2020, com os seguintes descritores: “doença falciforme” (sickle cell disease), “COVID-19”, “SARS-CoV-2” e “coronavírus”. Resultados: A partir dos critérios de inclusão, foram encontradas 39 referências sobre o tema, das quais 8 foram selecionadas de acordo com a sua relevância para o trabalho. Todos os estudos tratavam-se de séries de relatos de casos, abordando em sua maioria um curso de doença geralmente leve ou moderada, com menor chance de intubação, admissão na UTI e óbito, porém com tempo de internação um pouco mais longo. Discussão: Em tese, quando comparados com a população em geral, pacientes com doença falciforme (DF) tendem a ser mais gravemente afetados por COVID-19 devido às suas morbidades crônicas preexistentes. Conforme foi constatado na pesquisa, devido a asplenia funcional, pressupomos que a doença pulmonar do COVID-19, associada a “tempestade inflamatória”, possa precipitar uma Síndrome Torácica Aguda. Esta condição traz um alerta para a possibilidade de sobreposição da manifestação clínica de ambas patologias. Em dois estudos, foram observados pacientes que inicialmente chegaram ao departamento de emergência apresentando uma crise vaso-oclusiva típica, todavia o curso clínico de sua infecção por SARS-CoV-2 foi bastante suave. Apenas uma pequena porcentagem dos doentes adquirem pneumonia com probabilidade de causar hipóxia de demanda ventilação-perfusão. A anemia falciforme tem uma patogênese complexa que conduz a vaso-oclusão e hipercoagulabilidade, o que pode resultar em complicações graves e disfunção de múltiplos órgãos. Assim, é provável que pacientes COVID-19 com doença falciforme tenham um resultado pior do que pacientes sem essa comorbidade, mas necessita-se de mais evidências para confirmar isso. Por fim, nos perguntamos se o estado inflamatório crônico, hemolítico e anêmico da DF pode ter uma influência favorável, protegendo esta população de infecções graves por Covid-19. Conclusão: Embora seja pertinente compreender o paciente com doença falciforme como de maior suscetibilidade para formas graves de infecção pelo SARS-Cov-2, as evidências atuais são inconclusivas em estabelecer essa relação. Portanto, são necessários estudos posteriores para esclarecer e aprofundar as implicações da sobreposição dessas duas patologias no prognóstico desses doentes.
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