Apresentar panorama de atendimento de pacientes portadores de linfoma do manto no Brasil entre 2014 e 2018.

Estudo descritivo baseado em dados secundários dos Registros Hospitalares de Câncer (RHC) do Instituto Nacional de Câncer (INCA) de pacientes diagnosticados com linfoma do manto (tipo histológico 9673/3) entre 2014 e 2018. Foi realizado download dos dados no Integrador RHC e foram realizadas análise de médias e frequências no Microsoft Excel e SPSS Statistics.

No período, 1.020 pacientes foram diagnosticados com linfoma do manto em estabelecimentos de saúde do RHC. Destes pacientes, a maioria são homens (72%), entre 60 e 69 anos de idade (32%), com média de 63 anos e com diagnóstico anterior (56%). Os principais exames realizados nos pacientes para confirmação do diagnóstico foram de anatomia patológica (35%) e marcadores tumorais (21%) e o tratamento oncológico mais realizado foi quimioterapia (69%). Um grande percentual (73%) dos casos confirmados não possui registros sobre estadiamento da doença. Entre os casos com informação preenchida, 84% foram diagnosticados tardiamente (estágios 3 e 4). Segundo registros, o tempo médio entre a primeira consulta com médico especialista e o recebimento de diagnóstico foi de 28 dias, em contrapartida, o tempo médio entre diagnóstico e início do tratamento foi de 124 dias e é superior para pacientes diagnosticados em estágios 3 (157 dias) e 4 (118 dias).

O linfoma do manto é um subtipo raro do linfoma não Hodgkin e, assim como outros tipos de câncer, o tempo até o recebimento do diagnóstico é fator decisivo no tratamento. A falta de acesso à saúde é o principal fator para a demora no diagnóstico e acesso ao tratamento, tendo em vista que há uma dificuldade em acessar a atenção secundária, na qual acontece o atendimento ambulatorial especializado e há uma grande demora para acessar a unidade terciária, onde são feitas as terapias e procedimentos de alta complexidade.

O Panorama de atendimento de pacientes diagnosticados com linfoma do manto evidenciou que a maioria dos pacientes já possuíam diagnóstico anterior da doença e que a maior proporção do diagnóstico ocorre em estadiamentos avançados. Além da maioria dos pacientes ser diagnosticados tardiamente, existe um grande intervalo de tempo até o início do tratamento que é mais intensificado em estádios 3 e 4 da doença. Torna-se necessário a implementação de ações de saúde que promovam a detecção precoce do câncer e o rápido início do tratamento, tendo em vista que são as principais estratégias para melhorar o prognóstico do câncer e a qualidade de vida do paciente.