Descrever os óbitos por mieloma múltiplo e neoplasia maligna de plasmócitos na região Norte no período de 2010 a 2019.

Este estudo caracteriza-se como epidemiológico observacional, retrospectivo e quantitativo. Foram utilizados dados referentes aos óbitos por mieloma múltiplo e neoplasia maligna no período de 2010 a 2019, obtidos do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) e disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). As variáveis do estudo foram: ano do óbito, Unidade da Federação, faixa etária, sexo, cor/raça e escolaridade.

No total, foram registrados 913 óbitos. Os anos mais acometidos foram: 2018 (12,92%), 2019 (12,15%) e 2017 (12,04%). Quanto às Unidades da Federação do Norte, verifica-se que, em ordem decrescente, o Pará, o Amazonas e o Tocantins obtiveram o maior número de notificações, totalizando 74,9% de todos os acometimentos dessa região. Em relação às faixas etárias, as que receberam maior destaque foram de 60 a 69 anos (29,24%), de 70 a 79 anos (23,22%) e de 50 a 59 anos (22,78%). Além disso, quanto ao sexo: 58,88% foram óbitos masculinos e 29,22% foram do sexo feminino. No quesito cor/raça, 60,56% dos óbitos correspondem aos indivíduos pardos, 28,14% aos brancos e 7,55% às pessoas pretas. Por fim, houve mais óbitos na população com 1 a 3 anos de escolaridade, correspondente a 233 (25,52%); seguindo-se de pessoas com 4 a 7 anos de educação, com 189 (20,70%) óbitos e, ao final, indivíduos com 8 a 11 anos totais de educação, somando-se 175 óbitos (19,16%).

O mieloma múltiplo é uma neoplasia maligna de plasmócitos cujos fatores de risco são sexo masculino, etnia afro-americana e faixa etária de 70 anos. Este estudo concordou com essa premissa nos resultados encontrados, tendo o sexo masculino maior número de óbitos, sendo relacionado com a procura por serviços de saúde menor entre homens, além de maior ocorrência do evento em pacientes acima de 60 anos, havendo apenas a etnia variado, provavelmente devido aos níveis de miscigenação da população brasileira, dificuldade do acesso a saúde e pelas diferenças culturais e étnicas entre os países. Em relação ao ano do óbito, o presente estudo identificou um maior número de óbitos por esses acometimentos nos últimos anos do intervalo avaliado, contrastando com a tendência de queda em um estudo feito na Espanha. Além disso, as pessoas com maior escolaridade tendem a ter melhor acesso ao sistema de saúde e maior facilidade em participar ativamente do tratamento, tendo por isso uma redução no número de óbitos identificada neste estudo. Por fim, vale destacar a relação entre o número significativo de notificações de mieloma múltiplo com Estados mais populosos do Norte, como Pará, Amazonas e Tocantins.

Nesse cenário, pode-se compreender que o ano de 2018, o Estado do Pará, a faixa etária de 60 a 69 anos, o sexo masculino, a raça parda e a parcela com menos anos de escolaridade formam o perfil de maior prevalência de óbitos dentre as variáveis analisadas. Dessa forma, pode-se concluir que estudar o perfil epidemiológico e caracterizá-lo é de grande importância para a elaboração de políticas públicas com intuito de otimizar o diagnóstico precoce e elaborar tratamento eficaz dessas patologias, a fim de evitar complicações e diminuir a taxa de mortalidade ocasionada por essas doenças.