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Vol. 43. Núm. S1.
Páginas S133-S134 (Outubro 2021)
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LESÕES ÓSSEAS RELACIONADAS AO TRATAMENTO COM IMATINIBE
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I Menezes, R Marchesini, CBDS Sola, DC Setubal, VAM Funke
Complexo Hospital de Clínicas, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brasil
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G. C. B., masculino, 30 anos. Diagnóstico de Leucemia Mieloide Crônica (LMC) em fase crônica em 2015, com início de tratamento com imatinibe na ocasião, alcançando resposta molecular maior (RMM) aos 6 meses de tratamento, com BCR-ABL 0,084%. No início de 2016, devido a episódios de dor lombar, realizou ressonância magnética (RM) que evidenciou lesões nos corpos vertebrais de L3 e L4 e nos ossos da bacia, descritas como possíveis hemangiomas. Em 2017 realizou novo exame, com descrição de lesões semelhantes em L2, L3, L4, sacro e pelve. Em 2019, referiu novamente a queixa de lombalgia com piora ao decúbito. Realizou nova RM, com evidência de múltiplas lesões ósseas com aspecto de acometimento neoplásico secundário nas colunas cervical, torácica e lombar - com aumento significativo do número de lesões com relação ao exame realizado em 2017. Foram realizadas biópsias (corpo vertebral de T12 e asa do ilíaco à direita), com laudo demonstrando presença de tecidos ósseo, adiposo e fibroconjuntivo sem alterações histopatológicas significativas. Durante todo este período, permaneceu com o tratamento com imatinibe, mantendo RMM. Seguiu com piora progressiva da queixa de dor lombar ao longo do acompanhamento. Devido a correlação temporal do aparecimento das primeiras lesões com o início do tratamento com imatinibe e o seu aumento progressivo ao longo do tempo, foi aventada a hipótese de que as alterações pudessem estar relacionadas ao uso do medicamento, apesar de não haver descrição de caso semelhante na literatura. Desta forma, optou-se por realizar a troca do tratamento com imatinibe para nilotinibe em janeiro de 2020. Após a troca da medicação, o paciente apresentou melhora progressiva. Em RM de controle realizada em março de 2020, evidenciou-se redução da maioria das lesões ósseas nas vértebras lombares e torácicas. Atualmente o paciente encontra-se com dores em coluna controladas, corroborando a melhora radiológica demonstrada no último exame de imagem realizado, com boa aderência e tolerância ao tratamento com nilotinibe. Estudos do grupo australiano mostraram que pacientes com LMC que receberam imatinibe por períodos superiores a 17 meses exibiram volumes ósseos trabeculares da espinha ilíaca significativamente aumentados. Por outro lado, nenhuma alteração no volume do osso trabecular foi observada em pacientes tratados com interferon-α, sugerindo que essas alterações eram o resultado das ações do imatinibe. Um estudo de Jönsson et al. demonstrou que pacientes tratados com imatinibe tiveram aumento da densidade mineral óssea total do quadril em comparação com controles normais da mesma idade. Isso foi associado à diminuição do fosfato e do cálcio séricos, bem como à diminuição dos níveis séricos dos marcadores de formação óssea. Tais dados sugerem fortemente que o imatinibe altera a remodelação óssea. Embora os mecanismos ainda não estejam totalmente elucidados, vários têm sido propostos, relacionados com o aumento de osteoblastos, diminuição de osteoclastos ou ambos. O caso descrito demonstra o aparecimento de lesões ósseas após o início do tratamento com imatinibe, com aumento significativo ao longo do tempo e biópsia sem alterações patológicas. Houve melhora clínica e radiológica importantes após a troca da medicação, o que levanta fortemente a hipótese de que as lesões tenham relação com remodelamento ósseo associado ao imatinibe.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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